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Carreira Notícias

Estamos contratando no Yahoo! Brasil

Estamos contratando desenvolvedores para o Yahoo! Brasil!

Nosso time é responsável pelo desenvolvimento e manutenção do Yahoo! Meme. Para trabalhar conosco é imprescindível ser faixa preta em Python, PHP ou JavaScript e conhecer pelo menos uma segunda outra dessas três. Mesmo sendo essas as principais linguagens que usamos por aqui, precisamos de desenvolvedores multidisciplinares que saibam usar diferentes tipos de ferramentas – porque nunca sabemos quais produtos virão no futuro e que tipos de vantagens poderemos ter usando ferramentas diferentes.

Tão ou mais importante do que isso é ter ótimos conhecimentos sobre desenvolvimento ágil (especialmente XP), conhecer ferramentas de testes unitários, ser capaz de trabalhar com TDD, entender sobre CI e a sua importância, automatização de rotinas/build/etc., melhores práticas de desenvolvimento de software, Orientação à Objetos, Domain-Driven Design e tudo mais que puder ser relevante para ajudar a construir software confiável e manutenível de forma rápida e com ritmo/qualidade sustentável. Experiência com automatização de testes com Selenium ou Webdriver também é essencial. Como trabalhamos com web, também é necessário ter conhecimento em HTML, CSS e desenvolvimento de aplicações cross-browser.

Como desenvolvemos produtos de escala mundial, é necessário ter experiência com aplicações de alta performance e disponibilidade, identificação e otimização de gargalos de performance, escalabilidade, caching e sharding. É importante também ter bons conhecimentos de pelo menos um tipo de Unix e seus derivados.

Conhecimentos em C, C++, arquitetura de serviços, desenvolvimento de mashups, experiência com uso e desenvolvimento de APIs (REST, YQL, etc.) e experiência em desenvolvimento para iPhone/iPad são bons diferenciais, porém não são requeridos.

Para estas posições é necessário saber inglês bem, o que quer dizer que você deve ser capaz de conversar e ler/escrever em inglês sem problemas (e eventualmente ser entrevistado em inglês caso necessário).

Estamos procurando por pessoas criativas, que gostem de inovação, de pesquisar e identificar novas tendências e de encarar desafios complexos com agilidade e velocidade. Nosso time é pequeno, jovem e nosso ambiente está em constante mudança e evolução. Queremos pessoas irreverentes, que gostem de desafios, com idéias novas e com vontade de criar produtos incríveis!

A empresa oferece contratação apenas por CLT e benefícios como plano de saúde e vale refeição. Estamos localizados na Vila Olímpia em São Paulo. Geralmente contratamos pessoas de outros estados, mas desta vez infelizmente só estamos contratando pessoas de São Paulo/Capital. Update: Voltamos a contratar pessoas pessoas de outros estados e oferecemos auxílio para mudança (passagem, hospedagem, etc.).

Se você se encaixa neste perfil, envie seu curriculo em inglês para mim (gc AT yahoo-inc.com) com uma lista dos últimos 3 livros técnicos que leu. Não esqueça de colocar links para o seu Twitter, LinkedIn, GitHub e o que mais você achar relevante e que pode nos ajudar a te conhecer melhor. 🙂

Update: mais detalhes sobre a vaga (em inglês) na página de desenvolvedores do Meme.

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Carreira Notícias

Yahoo! procura Ninjas

Estamos procurando Desenvolvedores e Scrum Masters Ninjas para integrarem nossa equipe no Yahoo!

Nosso time é o que chamamos de “Innovation Cell”, que é algo como uma incubadora de projetos, responsável por pesquisar e criar novos produtos. Atualmente nosso carro-chefe é o Yahoo! Meme, que foi inteiramente desenvolvido no Brasil no último ano e já está em vários outros países como Indonésia, Filipinas, México, Argentina e Taiwan.

Desenvolvedor Ninja

Os Desenvolvedores Ninja serão responsáveis pelo desenvolvimento e manutenção de aplicações web, em especial o Yahoo! Meme e outros aplicativos de integração com redes sociais. É imprescindível ser faixa preta em Python, PHP ou JavaScript e conhecer bem pelo menos uma segunda outra dessas três. Mesmo sendo essas as principais linguagens que usamos por aqui, precisamos de desenvolvedores multidisciplinares que saibam usar diferentes tipos de ferramentas – porque nunca sabemos quais produtos virão no futuro e que tipos de vantagens poderemos ter usando ferramentas diferentes.

Tão ou mais importante do que isso é ter ótimos conhecimentos sobre desenvolvimento ágil e ser capaz de trabalhar com TDD, entender sobre CI e a sua importância, automatização de rotinas/build/etc., melhores práticas de desenvolvimento de software, Orientação à Objetos, Domain-Driven Design e tudo mais que puder ser relevante para ajudar a construir software confiável e manutenível de forma rápida e com ritmo/qualidade sustentável. Experiência com automatização de testes com Selenium ou Webdriver também é essencial.

Como desenvolvemos produtos de escala mundial, é necessário ter experiência com aplicações de alta performance e disponibilidade, identificação e otimização de gargalos de performance, escalabilidade, caching e sharding. É importante também ter bons conhecimentos de pelo menos um tipo de Unix e seus derivados.

Conhecimentos de OpenSocial, desenvolvimento de mashups, arquitetura de serviços e experiência com uso e desenvolvimento de APIs (REST, YQL, etc.) são diferenciais.

Scrum Master Ninja

O Scrum Master Ninja deverá ajudar o time de desenvolvimento a produzir no máximo da sua capacidade. Sua missão será organizar e facilitar os Sprint Plannings e Reviews, bem como Retrospectivas e o que mais for necessário para suportar os times de desenvolvimento e produto. Ele deverá identificar e remover impedimentos, ajudar o time a manter o foco mas dando todo o espaço e autonomia que ele precisa para se auto-organizar e gerenciar. É necessário já ter tido alguma experiência anterior relevante nesta posição.

Como o Yahoo! é uma empresa que em sua maioria ainda trabalha com métodos tradicionais de desenvolvimento, esta pessoa também será responsável por fazer com que o time esteja dentro das normas da empresa, gerando relatórios para as células de gerenciamento de projetos e fazendo algum trabalho burocrático de registro e comunicação de métricas.

Queremos um Scrum Master influente, que seja capaz de entender questões técnicas mesmo que em alto nível, que seja apaixonado por procurar maneiras de melhorar o processo de desenvolvimento, construtivo na hora de resolver problemas e solucionar conflitos e com muita vontade de descobrir novas maneiras de trabalhar com métodos ágeis. O Yahoo! é uma empresa que ainda está engatinhando em métodos ágeis e por isso precisamos de alguém com muita disposição e vontade de mudar a empresa!

Por último, experiência com XP, Lean Software Development, Kanban e diversos métodos ágeis são diferenciais.

Continuando…

Para ambas as posições é necessário inglês avançado, o que quer dizer que você deve ser capaz de conversar e ler/escrever em inglês sem problemas (e eventualmente ser entrevistado em inglês caso necessário).

Estamos procurando por pessoas criativas, que gostem de inovação, de pesquisar e identificar novas tendências e de encarar desafios complexos com agilidade e velocidade. Nosso time é pequeno, jovem e nosso ambiente está em constante mudança e evolução. Queremos pessoas irreverentes, que gostem de desafios, com idéias novas e com vontade de criar produtos incríveis!

A empresa oferece contratação apenas por CLT e benefícios como plano de saúde e ticket refeição. Estamos localizados na Vila Olímpia em São Paulo. Vamos dar preferência para pessoas de São Paulo mas também vamos olhar com carinho currículos de pessoas de fora e daremos auxílio para mudança caso necessário.

Se você se encaixa em algum destes perfis, mande seu curriculo em inglês para mim (gc AT yahoo-inc.com) com uma lista dos últimos 3 livros técnicos que leu. Não esqueça de colocar links para o seu Twitter, LinkedIn, GitHub e o que mais você achar relevante e que pode nos ajudar a te conhecer melhor. 🙂

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Agile

2 anos de Scrum e Agile na Globo.com e algumas coisas que eu aprendi

Já se passaram pouco mais de 2 anos desde que começamos a trabalhar oficialmente com Scrum e Agile na Globo.com e um pouco mais de 2 anos e meio desde que a coisa toda começou de fato.

Depois de trabalhar diariamente com processos ágeis e uma porção de times diferentes na Globo.com, minha sensação é a daquele dito popular que diz que quanto mais você sabe de alguma coisa, mais você descobre que tem que aprender. De tempos em tempos surgem idéias novas excelentes e as vezes são coisas tão simples que eu me pergunto porque nunca tinha pensado nelas. Ou então algumas idéias que não deram certo no passado voltam à tona, são colocadas em prática e passam a funcionar muito bem. Sempre que eu acho que já aprendi como alguma coisa funciona alguém aparece com uma idéia melhor e me prova que eu estava errado em achar isso.

Me lembro quando perguntei lá no início para o Boris Gloger sobre o tempo que levaria para as coisas acontecerem. Na época ele falou que para uma empresa do tamanho da Globo.com certamente levaria de 2 a 4 anos para as coisas mudarem de fato. Eu achei um exagero e que ele estava louco, mas era eu que não tinha noção do tamanho da coisa toda. Ele estava certo.

Infelizmente eu não tenho uma história romântica para contar e estaria mentindo se dissesse que as coisas são maravilhosas depois que você adota Agile, Scrum ou o que quer que seja. Muito pelo contrário, os problemas começam a aparecer e tudo fica caótico. As vezes a quantidade de problemas chega a ser enlouquecedora e minha insônia aumentou consideravelmente depois disso. Mas eu não tenho nenhuma dúvida de que os processos ágeis são os que mais se adaptam às características de projetos de desenvolvimento de software, mais do que qualquer outra coisa que eu já tenha usado. Tivemos muito mais sucesso do que em qualquer outra iniciativa na história da empresa e as coisas acontecem muito mais e muito melhor do que aconteciam antes, mas mesmo assim ainda temos um caminho muito longo pela frente.

Hoje eu consigo entender com mais clareza o real sentido do empirismo que tanto se fala. Mesmo com pilhas de livros sobre desenvolvimento ágil na minha prateleira, eu olho para trás e vejo que o processo de “tentativa e erro” foi muito mais importante para o meu aprendizado do que qualquer teoria. Várias coisas escritas nos livros deram certo para alguns times e não deram para outros, e no fim das contas o que ficou foi uma mistura de todas essa experiências. Fomos fazendo as coisas, vendo o que dava certo ou errado, mudando, adaptando e seguindo em frente. Hoje não dá pra dizer que a Globo.com usa Scrum, XP, Lean ou Kanban. Você pode encontrar todos os seus sabores preferidos de Agile por aqui, às vezes misturados e até mesmo bem customizados e diferentes do tradicional.

Nesse tempo todo vivenciei muitos problemas, muitos sucessos, muitas derrotas, muitas falhas e muita mudança. Eu queria poder dizer que encontrei o Santo Graal do desenvolvimento ágil, mas dificilmente isso existe. E se existir, provavelmente o da minha empresa será diferente da sua e por ai vai. Porém, eu posso falar de algumas coisas que eu aprendi e que talvez possam ser úteis para outras pessoas e empresas:

Você sempre estará em transição.

Basicamente eu não acredito mais em transição ágil como eu já li por ai, que parece uma coisa que tem inicio, meio e fim. Hoje eu percebo que sempre se está em transição. Sempre surgirão projetos novos com características diferentes e sempre será necessário ajustar e se adaptar. Isso tudo fora que as pessoas e os times também mudam, e ai começa tudo denovo. É um trabalho que nunca acaba.

É muito fácil começar a fazer Scrum, o difícil é vencer a resistência das pessoas.

Grande parte do meu tempo nesses anos foi investido em quebrar barreiras e a resistência das pessoas. E não estou falando de diretores ou gerentes, às vezes os piores problemas estão dentro dos times. Os mais diversos tipos de problemas acontecem: tem gente que tem medo de trabalhar em par e expôr suas fraquezas para os outros, tem gente insatisfeita na empresa que envenena iniciativas, enfim, acontece de tudo. É muito importante trabalhar com pessoas bem intencionadas, comprometidas e que acreditam no que estão fazendo e que acreditam que as coisas sempre podem (e devem) ser melhoradas.

As pessoas precisam estar felizes.

É importantíssimo que a empresa reconheça seus talentos, que eles ganhem o que merecem e que eles trabalhem num ambiente agradável. Ninguém trabalha direito e dá 100% do seu potencial se não estiver feliz e satisfeito com a empresa. Pessoas infelizes e insatisfeitas podem acabar com um time inteiro, por isso a empresa tem que dar o primeiro passo e dar todas as condições para que isso não aconteça e, quando acontecer, resolver o problema o mais rápido possível.

Se o foco das pessoas for em “fazer telas”, “testar” ou “escrever software”, você está perdido. O foco das pessoas deve ser o produto, e não a sua função.

Muito desenvolvedor não gosta de fazer teste exploratório “porque isso é função do cara de QA”. Muito designer não gosta de fazer CSS e HTML porque isso é coisa de “desenvolvedor de front-end”. Bullshit! Imagine se um zagueiro está com a bola na linha do gol e diz que não vai fazer o gol porque não é atacante? Não tem essa, o foco é ganhar o jogo, entregar o produto, deixar o cliente feliz, não importa fazendo o que. Com o tempo você descobre a receita do time (quantidade de pessoas de cada especialidade) para que as pessoas passem a maior parte do tempo fazendo sua especialidade, mas isso não significa que elas não devem fazer ou entender de outras coisas.

Escalar não é facil. Aliás, se for possível, não escale nunca.

Times ágeis funcionam melhor quando são pequenos, porque o universo de pessoas é menor e a comunicação é melhor, as pessoas confiam mais no resto do time e por aí vai. Quando o número de pessoas e de times aumenta, a comunicação fica problemática e isso gera uma porção de problemas, desde coisas triviais como conflitos de merge até coisas mais complexas de resolver como falta de confiança, dificuldade em mudar de direção, dificuldade de passar a visão do produto, pessoas querendo aparecer mais do que outras e por aí vai. Faça um teste: reuna 30 amigos seus e tentem combinar um lugar para almoçar em no máximo 2 minutos. Repita o teste com 3 amigos e compare os resultados. Foi possível combinar um único lugar de forma unânime? Quanto tempo levou? Quais foram os conflitos de interesse? Qual foi o nível de barulho, stress e insatisfação das pessoas? Ter mais pessoas ajudou a fazer com que a decisão fosse mais rápida ou mais demorada? Talvez esse não seja o melhor exemplo do mundo mas vai ser bem fácil de perceber como times grandes se organizam com muito mais dificuldade.

Boas práticas de engenharia e desenvolvimento ágil como automatização, testes, refatoração, programação em par, integração contínua e TDD são fundamentais, imprescindíveis, inevitáveis, totalmente obrigatórias.

Todos os grandes saltos de qualidade e produtividade que demos na história da evolução da Globo.com foram porque essas práticas foram intensificadas e usadas com mais disciplina, e todas as vezes que elas não recebem a devida importância a velocidade diminui, a produtividade baixa e o time entrega menos (e com mais defeitos).

Um dos “problemas” com o Scrum é que ele não fala nada sobre usar essas práticas. Isso é proposital porque o intuito era que ele fosse bastante genérico e simples, mas como muitas pessoas gostam de seguir o livro cegamente sem pensar, elas acabam achando que não é necessário fazer o que não está escrito, e daí a probabilidade de fracasso é gigantesca. Você pode usar Scrum para produzir um marca-passo, por exemplo, mas você seria louco de não testá-lo exaustivamente só porque não está escrito? Você tem que fazer, porque é uma necessidade imposta pelo tipo de projeto. Com software não é muito diferente: se você não faz TDD, seu código fica pouco testável, e consequentemente você refatora menos ou tem dificuldade para fazê-lo. Consequentemente o tempo para implementar novas funcionalidades aumenta cada vez mais e como o cliente está sempre cobrando mais e mais coisas, você passa a testar menos para dar tempo de fazer mais funcionalidades. E por aí vai (para o buraco).

As regras são excelentes quando você não sabe o que está fazendo. Depois que aprender, quebre-as.

Geralmente quando as pessoas começam com Agile o que se recomenda é que você siga as regras à risca por algumas iterações até que você aprenda e que o processo esteja “no sangue”, e só depois que possíveis customizações devem ser feitas. Muita gente confunde isso com “sempre siga as regras à risca”. Por exemplo, hoje alguém me convenceu numa conversa que o Sprint Planning 2 do jeito que um determinado time estava fazendo estava bem inútil, uma grande perda de tempo. A sugestão foi fazer uma coisa mais “just-in-time”, ou seja, na hora que a história começar a ser desenvolvida. Muita gente pode falar que “ah, mas não é assim que o Scrum funciona” ou o clássico “aqui na empresa nós não fazemos desse jeito”. Se você tem um bom motivo para mudar as regras do jogo, discuta o assunto com o time e implemente as melhorias. Não existe essa coisa de “as regras do Scrum”, existem times produtivos com alta capacidade de adaptação e em constante evolução ou times que passam 50% do tempo discutindo o processo e não deixam o cliente feliz.

Trabalhar num ambiente ágil é muito muito muito mais divertido.

Acabei de passar quase 40 dias de férias e em conferências. Muita gente estaria odiando voltar para o trabalho depois disso, mas eu gostei. Quando eu cheguei hoje na empresa depois de mais de 1 mês a minha mesa já não era mais minha e eu não achava meu computador. O escritório mudou totalmente e o time que eu estava está todo misturado. Quando eu entrei na sala as pessoas estavam em pé discutindo, rabiscando no quadro e o barulho estava alto pra caramba. Depois de contar as novidades, de almoçar e de alguns updates, passei o resto da tarde programando em par numa tarefa que nem eu e nem o meu par faziamos idéia de como resolver, mas juntos descobrimos como fazer e resolvemos o problema. Foi um dia caótico porém muito produtivo e muito divertido, como a maioria dos que eu tenho. Tudo muda muito e está em constante evolução, e cada dia é um novo desafio. Se você gosta de ficar escondido atrás da “baia” e tem dificuldades em dividir o seu teclado com um amigo, recomendo fortemente que você não use Agile.

Agile não é o Santo Graal.

Nenhum processo de desenvolvimento (ágil ou não) é perfeito. Muita gente gosta, muita gente não gosta, alguns não se adaptam, outros se motivam a cada dia com os novos desafios e é assim que as coisas funcionam. <ironia> “Agile é tão perfeito” </ironia> que quando as coisas dão errado é muito mais fácil culpar o seu processo e reclamar que ele não funciona. Bullshit! Como o Jeff Patton fala, as pessoas fazem isso porque o processo não vai se defender de você e porque é muito mais dificil assumir e enxergar os problemas de verdade. Uma das chaves de ser bem sucedido nesses processos é entender que eles são apenas ferramentas muito simples e que se não estão funcionando é porque você precisa encontrar e resolver algum problema da sua empresa, do seu time, das pessoas ou do que quer que seja. Não bote a culpa no processo.

As pessoas são mais importantes que o processo. Foco nas pessoas.

São elas que fazem tudo acontecer. Quanto mais agentes de mudança sua empresa puder ter, melhor. A empresa tem que reconhecer essas pessoas e motivá-las para que elas motivem ainda mais seus pares e assim por diante. É preciso dar liberdade para elas criarem, tentarem coisas novas e errarem sem medo de serem repreendidas. Faça de tudo para que todos estejam felizes e motivados. Resolva os conflitos. Coloque tudo em pratos limpos. Trate todos com respeito e como amigos. Faça as pessoas crescerem e deixe (e ajude) que elas tenham visibilidade dentro da empresa. De todas as coisas que eu vi até hoje, nada é mais eficaz do que ter as pessoas certas do seu lado.

Nada disso é definitivo e eu posso mudar de opinião a qualquer momento sobre qualquer uma dessas coisas. Aliás, hoje numa conversa aprendi que é ótimo mudar de opinião, porque significa que você aprendeu alguma coisa nova/diferente que te fez pensar de uma forma nova/diferente e, portanto, você evoluiu. Fica então a última:

Crie sua opinião, aprenda mais e mude sua opinião. Esteja em constante evolução.

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Eventos Python

[PythOnCampus-RJ] Eu fui!

Adorei participar do PythOnCampus nesse último sábado e conhecer várias pessoas muito legais da comunidade Python carioca (que não vou citar para não correr o risco de esquecer alguém)! Vejam as fotos no blog da comunidade PythOnRio.

Minha palestra sobre Testes e Qualidade de software em Python foi bem divertida! Quando percebí que a galera estava bem interessada eu deliberadamente estourei totalmente o tempo e ficamos quase duas horas falando sobre conceitos de testes, TDD e outras práticas de XP, doctest, unittest, pMock, Pyccuracy e por aí vai… Mais do que teoria, vimos bastante código Python!

Para quem não conseguiu anotar, a bibliografia que recomendei no final foi a seguinte:

Nas próximas semanas o PythOnCampus será repetido em outras faculdades pelo Rio de Janeiro. Acompanhem o site da comunidade PythOnRio para ficarem por dentro das datas e dos detalhes.

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Eventos Python

PythOnCampus-RJ, uma oportunidade para conhecer mais sobre Python

Nesse próximo sábado vai acontecer o PythOnCampus, um evento sobre Python promovido pela comunidade PythOnRio para disseminar informações sobre Python e software livre.

Eu estarei por lá falando sobre Testes e Qualidade de software em Python. Será uma apresentação bem prática (hands-on) onde vou explicar a importância de se desenvolver com testes (antes) e mostrar algumas ferramentas para desenvolver testes unitários e funcionais em Python. Haverão também outras apresentações sobre diversos assuntos como Django, jogos em Python, Pyrobotics e mais. Veja a grade de programação completa.

O evento será na Universidade Gama Filho no campus de Piedade no dia 09/maio/2009 a partir das 09:00 horas e a entrada é gratuita, basta se inscrever no site da Gama Filho.

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Notícias Testes

Livro promissor sobre mock objects

Steve Freeman e Nat Pryce do JMock, um dos meus projetos favoritos, estão escrevendo um livro entitulado “Growing Object-Oriented Software, Guided by Tests”. O assunto é muito bom e conhecendo os caras e os materiais que eles já publicaram (especialmente o artigo que fala sobre a experiência deles evoluindo uma DSL, baseando-se no desenvolvimento do JMock – “Evolving an Embedded Domain-Specific Language in Java”), acho que o livro promete.

O primeiro capítulo já está disponível no blog do JMock e chama-se “What’s the point of Test-Driven Development?”. A leitura é obrigatória e já dá uma pista do que está por vir.

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Agile Scrum XP

Como estamos indo com a adoção de Scrum na Globo.com

Muita gente têm me perguntado como estamos indo atualmente com a adoção do Scrum na Globo.com. Acho que já é hora de falar alguma coisa sobre isso. Esse não é um case oficial assinado pela Globo.com, são apenas alguns relatos do meu ponto de vista sobre o assunto.

Nossa história no início foi bem parecida com as histórias tradicionais. Sabe aquelas empresas que gastam uma semi-fortuna com uma consultoria para desenhar um processo de desenvolvimento de software? Assim estávamos nós no início de 2007. Poucos projetos eram entregues nas datas acordadas e muitos deles falhavam ou não satisfaziam as necessidades dos clientes. Contratar uma grande consultoria de software parecia ser uma boa tentativa de arrumar as coisas, mas o resultado do trabalho foi um documento que descrevia um processo com algumas centenas de páginas que devia ser seguido á risca, isso sem contar as dúzias de documentos padrão para todos os tipos de requisição e comunicação que se possa imaginar. Dezenas de páginas descreviam quem deveria falar com quem e quem entrega qual documento em qual momento. O processo foi feito para lidar com todas as complexidades, burocracias e exigências que nós mesmos criamos dentro da empresa.

Resumindo a história, isso não funcionou na Globo.com e acho que existem poucas chances de algo tão complexo assim funcionar em algum lugar. E por incrível que pareça, no fim das contas ninguém havia pensado em nada para resolver o problema principal: como entregar o software que nossos clientes querem no menor tempo e com a maior qualidade possível?

Um pouco de história

Ao contrário do que acontece em muitas empresas, as metodologias ágeis na Globo.com vieram de baixo para cima. Tudo começou com um movimento tímido entre alguns desenvolvedores de aplicar práticas de desenvolvimento ágil do XP (Extreme Programming) nos projetos. A porta de entrada foi a oportunidade de melhorar a qualidade dos nossos sistemas, pois tinhamos uma incidência muito grande de bugs em produção e poucas aplicações eram testadas adequadamente.

Alguns desenvolvedores mais experientes começaram a desenvolver usando desenvolvimento guiado por testes (TDD), e com isso houve uma melhora nítida na qualidade do que era entregue. Aos poucos, enquanto isso acontecia, algumas seções de programação em par aconteciam de vez em quando para difundir o conhecimento e ensinar a técnica a outros programadores, mas ainda de forma muito tímida e sutil (afinal às vezes é difícil convencer que dois programadores fazendo apenas um código é uma coisa boa).

Em seguida foi a vez de organizar as demandas de clientes e os ciclos de desenvolvimento. Lembro-me de ter colocado nessa época o mesmo software em produção quatro vezes em duas semanas, e depois disso o mesmo software foi trabalhado durante dois meses para só depois poder ir novamente para produção. Para piorar, nossos clientes nos traziam todo tipo de demanda que se pode imaginar, sempre em lotes e com prioridade máxima. Por exemplo, acontecia frequentemente do mesmo cliente demandar cinco coisas e todas elas com máxima urgência. Resumindo, os ciclos de planejamento, desenvolvimento e entrega eram totalmente irregulares e afetavam o desempenho de toda a equipe. Explicando todas as dificuldades que tinhamos para nos organizar nesse caos, conseguimos acordar que fariamos entregas constantemente de duas em duas semanas, e que dentro desse período não haveria nenhuma mudança no planejamento, que seria feito no início de cada período. Antes de iniciar cada ciclo de desenvolvimento, os clientes tinham a oportunidade de escolher quais seriam as prioridades da equipe de desenvolvimento nas duas semanas seguintes. Sem perceber eles haviam aceitado a idéia de desenvolvimento iterativo e jogo do planejamento, e nós teriamos alguma organização e paz para fazer o trabalho.

Em meados de Julho de 2007 a empresa decidiu bancar um curso de Scrum com o Boris Gloger para alguns membros da nossa equipe e o resultado foi ótimo! Na semana seguinte mesmo já começou a mudança. Todos voltaram com um novo gás e dispostos a mudar a empresa. Me lembro de nessa época alguém ter falado a seguinte frase: “Agora eu acredito em desenvolvimento de software”.

Desse momento em diante passamos a aplicar Scrum no nosso time de desenvolvimento. O problema é que estávamos no meio de um projeto feito da forma “tradicional” (leia-se waterfall) e toda a fase de análise e especificação já tinha sido concluída. Tudo indicava que seria melhor esperar uma oportunidade melhor para começarmos a adoção, só que nós sabiamos que tinha que ser “naquela hora ou nunca” e então começamos a desenvolver nosso principal projeto usando práticas do Scrum.

Quase ninguém na equipe havia trabalhado com desenvolvimento ágil, então achamos que seria mais fácil não falar de Scrum, XP ou qualquer nome diferente. Simplesmente começamos a praticar e durante o desenvolvimento o time foi introduzido às práticas e à forma de trabalhar. As regras são muito simples e por isso foi muita fácil de adotá-las. Ao longo dos cinco Sprints o time foi amadurecendo, entendendo como trabalhar e também foram nascendo algumas adaptações necessárias ao funcionamento do projeto dentro da estrutura da empresa. Por exemplo, tivemos que resolver como seriam criadas as histórias e como isso seria integrado com o nosso sistema de tracking, como integrar com a equipe de QA, como colocar os projetos em produção e diversas outras questões. O Phillip falou bastante sobre essa fase introdutória no seu blog no ano passado.

Hoje, o Globo Vídeos 4.2, que é o tal projeto, está em produção. Para os padrões da empresa na época, ele foi um projeto surpreendente do ponto de vista de qualidade. Na versão anterior do Globo Vídeos (4.0) foi necessária uma janela de mais de 24 horas para colocá-lo no ar e ela aconteceu aos trancos e barrancos. Além disso a semana seguinte foi infernal, com muitos bugs para serem corrigidos e várias mudanças arriscadas durante o dia para corrigi-los. Já a versão 4.2 foi colocada em produção em pouco mais de uma hora e na primeira semana nem ouviamos falar do Globo Vídeos. Nem parecia que um dos sites de maior audiência da empresa havia sido quase totalmente substituído por um totalmente novo e com grandes mudanças arquiteturais!

Ao mesmo tempo que acontecia o Globo Vìdeos, o site de inscrições para o Big Brother Brasil 8 foi desenvolvido de cabo a rabo usando Scrum, da forma estrita, como está nos livros. O projeto simplesmente não teria sido feito considerando-se a complexidade e o tempo disponíveis. No final, ele foi um sucesso e além de ter sido entregue no prazo houve uma percepção de muita qualidade por todos – mais uma prova viva de que o Scrum era uma possível resposta para os nossos problemas. O Danilo inclusive fez uma apresentação sobre esse projeto na semana passada num evento do C.E.S.A.R. em Recife.

Esses dois projetos serviram de aprendizado e base para a estruturação de todos os projetos seguintes na empresa. O sucesso deles foi o grande responsável para ganharmos carta branca e começarmos a implementação de Scrum em massa na Globo.com.

Como estamos hoje

Após um ano de metodologias ágeis a empresa já está bem mais madura nas práticas e já temos mais de 10 times usando Scrum.

No fim do ano passado, após um treinamento para pessoas de todas as áreas da empresa, começamos todos a usar Scrum da forma estrita (obviamente houve uma curva de aprendizado até todos estarem mais seguros e praticando melhor). Hoje, alguns meses depois, já é possível perceber diferenças entre alguns times, que acabaram se adaptando de forma diferente por terem problemas e questões diferentes.

Sobre a duração dos Sprints, estamos trabalhando com duas semanas porque achamos que quatro semanas é muito tempo e poderiamos acabar nos tornando lentos na resposta às mudanças. Além do mais já vinhamos usando iterações de duas semanas desde que começamos a adotar desenvolvimento iterativo e continuar com este tamanho de ciclo seria mais fácil para nós.

Em virtude disso, como temos a metade do tempo de desenvolvimento recomendado pelo Scrum, decidimos que só precisamos da metade do tempo de planejamento. A recomendação é que o Sprint Planning tenha 8 horas para um Sprint de 4 semanas, e como nosso Sprint é de 2 semanas decidimos fazer um planning de 4 horas. As outras reuniões (Sprint Review, Retrospective, Daily Scrum, etc) permaneceram com a mesma duração, lembrando que essa duração não é obrigatória mas sim um limite para não ficarmos discutindo as coisas indefinidamente.

Nossos Sprint Plannings têm melhorado constantemente. No início sempre estouravamos o tempo da reunião discutindo um monte de coisas que não eram necessárias mas agora já estamos mais focados e a reunião tem funcionado bem melhor. As estimativas com planning poker também evoluiram um bocado e em várias ocasiões todos os desenvolvedores colocam o mesmo número sem combinar, o que indica que estamos evoluindo na sensação de esforço necessário para desenvolver as coisas.

A equipe, que antes era só de desenvolvedores, agora tem também um designer, um arquiteto de informação, um especialista em programação client-side (JavaScript/CSS/HTML), uma pessoa da equipe de testes e homologação e uma pessoa focada em negócios e ROI (que é o Product Owner). Todas essas pessoas sentam próximas umas das outras, e isso efetivamente aumentou muito a produtividade delas e o ritmo do projeto. Aos poucos todo o conhecimento específico está sendo difundido entre os membros da equipe. Infelizmente nem todas as equipes estão completas dessa forma por diferentes motivos (espaço físico, distância entre os prédios da empresa, etc), mas estamos trabalhando duro para resolver isso. Inclusive temos uma reunião chamada de Scrum Of Scrums, onde todos os Scrum Masters se reunem para se ajudarem a resolver esses tipos de problemas, que muitas vezes são comuns a várias equipes.

Já que o Scrum não fala nada sobre práticas de desenvolvimento de software, acabamos adotando muitas práticas do XP. Isso fica por conta de cada equipe e cada uma faz o que julga mais adequado para entregar o melhor software possível, mas muitas equipes usam desenvolvimento guiado por testes, integração contínua, programação em par, metáforas e várias outras práticas de Extreme Programming com muito sucesso. De fato a integração entre Scrum e XP funciona muito bem.

Definimos o nosso conceito de “done” (finalizado), que é a parte mais divergente entre as equipes. Na equipe de desenvolvimento de vídeos (minha equipe), uma história ou funcionalidade está pronta quando foi desenvolvida (incluindo testes unitários), integrada à base de código, testada novamente (fazemos testes de aceitação com critérios definidos no Sprint Planning ao criar as histórias) e homologada. Como nosso time tem uma pessoa da área de QA, podemos incluir a homologação da aplicação dentro do Sprint (nem todos os times fazem dessa forma).

Temos na empresa uma equipe que é especializada no ambiente de produção e por isso colocar os sistemas no ar fica fora do nosso Sprint. Quando nosso Sprint termina, entregamos um pacote fechado, testado, homologado e pronto para ser colocado em funcionamento, e então agendamos uma data e hora para que a subida seja feita acompanhada por um ou mais desenvolvedores do time. Todas as alterações de arquitetura e ambiente de deployment, quando necessárias, são feitas dentro do Sprint, somente as mudanças que envolvem risco de indisponibilidade nos sistemas que são feitas numa data que agendamos após o termino do Sprint, geralmente no meio da madrugada (as famosas “janelas”). Alguns times, por terem menos criticidade no seu ambiente de deployment, consideram que um Sprint está concluído quando o software está no ar, e o seu último dia do Sprint sempre é uma subida para produção. Como já havia falado anteriormente, cada time se adaptou para funcionar da melhor forma possível de acordo com suas peculiaridades.

E por último, nossas retrospectivas têm sido uma base forte para adaptações no processo e na forma de trabalhar. Para mim foi um aprendizado enorme quando o Boris Gloger veio na Globo.com e acompanhou uma retrospectiva inteira do nosso time – ele deu excelentes toques importantissimos. A última retrospectiva em especial, que aconteceu após uma grande entrega de um projeto interno, mostrou nitidamente a evolução do time e como estamos efetivamente conseguindo aos poucos achar e resolver todos os problemas. Estamos evoluindo devagar mas constantemente e já temos várias equipes com um bom nível de maturidade e evolução na empresa.

Concluindo…

Não só o Scrum como todos as metodologias ágeis dependem muito das pessoas. Na Globo.com não foi diferente e as pessoas certas fizeram toda a diferença. Também existe o outro lado da moeda: algumas pessoas simplesmente não se adaptam a essa forma de trabalhar. Desde o início da adoção nós já perdemos muitos desenvolvedores e acredito que ainda perderemos muito mais. Por conta disso nossos processos seletivos se tornaram mais exigentes e demorados, porque agora não só precisamos de pessoas que sejam ótimas tecnicamente mas também que tenham um perfil adequado para trabalhar no tipo de ambiente que criamos dentro da empresa.

Além disso é essencial que haja apoio da gerência e “carta branca” para que as equipes de desenvolvimento tenham a autonomia necessária para levar o projeto da forma correta. Como estes “processos” são muito diferentes dos tradicionais, algumas empresas acabam fazendo modificações antes do tempo por puro medo ou falta de conhecimento, que acabam atrapalhando ou até mesmo arruinando a adoção de uma metodologia ágil. Ainda em relação aos times de desenvolvimento, é essencial que os líderes de equipe (ou Scrum Masters no caso do Scrum) sejam muito bem capacitados e que conheçam profundamente as práticas/regras/princípios, não só para que tenham capacidade de argumentação com a empresa mas também para que não façam adaptações que violem os princípios básicos das metodologias ágeis.

Por fim, acho que ainda estamos muito longe do ideal e vejo muitas oportunidades de melhoria na nossa forma de trabalhar, mas o mais importante é que agora acreditamos que estamos no caminho certo.

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Test infection: por onde começar?

Fala GC!

Cara, o que voce faria se entrasse em um projeto para implementar umas melhorias, mas esse projeto não tivesse nenhum tipo de teste, o código não fosse testável e você soubesse que daqui a 3 meses ia sair do projeto? Você perderia tempo fazendo refactoring, implementando testes, configurando CruiseControl e tal, ou ia simplesmente ligar o foda-se???

Isso acontece pelo menos 32409 vezes todos os dias em algum lugar do planeta.

Os desenvolvedores acostumados a programar com testes têm uma dificuldade enorme de trabalhar em aplicações que não tem testes. A primeira coisa que os desenvolvedores mais experientes fazem quando pegam uma aplicação nova é olhar a base de testes. Por alí já é possível descobrir uma série de comportamentos e detalhes da implementação do sistema, bem como as intenções de quem o programou. Mas o que você faz quando cai de pára-quedas num projeto que não tem um mísero teste sequer? Você não pode deixar esse problema para outra pessoa? É você o infeliz que tem que resolver o problema e fazer a faxina?

Minha resposta para essa pergunta é bem simples: SIM, você é o infeliz que tem que resolver o problema.

<história>
Uma vez eu trabalhava numa empresa e meu chefe me pediu para fazer um protótipo de um sistema que integrava um website com um PABX para fazer determinadas tarefas. Como era um protótipo e eu só tinha duas semanas, eu fiz ZERO testes (e a aplicação funcionava por milagre divino). Só que para o meu azar, esse protótipo era para fazer uma demonstração para um cliente, que adorou a idéia e comprou na mesma hora! Como meu chefe achava que já estava parcialmente pronto e funcionando, meu prazo para terminar era de mais quatro semanas. Duas semanas depois eu estava desesperado por não conseguir avançar na aplicação e não conseguir fazer o negócio funcionar. Aconteciam bugs estranhos, daqueles que te fazem pensar que você está na profissão errada. Todos os dias eu me arrependia profundamente de ter deixado os testes para trás. Meu chefe ficou desesperado e colocou mais um desenvolvedor para me ajudar. No primeiro dia ele me perguntou: “GC, onde estão os testes para eu dar uma olhada?”. Er.. bom… não tinham testes… E eu fiquei totalmente desmoralizado, fui humilhado, massacrado e apanhei quase até a morte.
</história>

Hoje em dia não abro mão dos testes. Se você entregar uma aplicação que não funciona, a culpa é sua! Então, faça tudo que é possível para garantir que tudo esteja funcionando.

Finalmente, respondendo o e-mail do meu amigo acima (que não posso dizer o nome porque não tenho permissão), eis algumas dicas para você não ficar em maus lençóis:

Dica número 1: faça sempre o melhor que puder! Mesmo que você ache que vai ficar 2 semanas ou 3 meses em um projeto, seu gerente pode mudar de idéia e você pode acabar ficando bem mais tempo do que isso. Então, tire essa idéia da cabeça já e comece a se preocupar com os testes. E mesmo que você com certeza absoluta só fique 3 meses, como que você vai sair de cabeça erguida e com a certeza de que o que você fez está funcionando se você não tem os testes para comprovar?

Dica número 2: conserte as janelas quebradas. Se alguém chega na sua casa e metade das janelas estão quebradas, então não tem muito problema se quebrar mais uma. Porém, se todas as janelas estiverem impecáveis, quebrar uma janela é péssimo! Siga este mesmo princípio para o seu código, não tenha janelas quebradas. Se você tiver 90% de cobertura de testes, todos eles forem impecáveis e nenhum falhar no CruiseControl, o próximo desenvolvedor que chegar se sentirá na obrigação de manter tudo funcionando da mesma forma, porque esta é a cultura do projeto. Já se todos os testes estiverem quebrados ou não houverem testes, não faz a menor diferença.

Dica número 3: não abraçe o mundo com as pernas! Não precisa refatorar a aplicação inteira de uma vez, até porque você corre um grande risco de tudo parar de funcionar e você ser demitido, além de que não vai conseguir implementar as features. Neste caso, minha estratégia seria refatorar o código na medida que precisasse implementar as features. Faria o ciclo normal de TDD: implementaria os testes fazendo refactor na implementação para torná-la testável, implementaria a feature, garantiria seu funcionamento e depois um novo refactor para deixar tudo bonito.

Dica número 4: get them Test Infected! Faça um workshop com os outros desenvolvedores do time e mostre para eles a importância de escrever testes. Ensine-os a usar o CruiseControl, JUnit, JMock, injeção de dependência e tudo mais que for necessário para que os testes aconteçam. Mesmo que você “perca” dois ou três dias de trabalho, com certeza ganhará muito mais desse dia em diante.

<piada>
Dica número 5: só por via das dúvidas, para ajudar nos momentos de fraqueza, coloque alguém para te vigiar em tempo integral. O “Dijkstra is watching” é ótimo para isso, tenha ele sempre por perto.
</piada>

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Controle de qualidade Testes

Você automatiza seus testes de aceitação?

O Danilo Sato escreveu um post muito bom sobre automatização de testes de aceitação:

“Muitas equipes XP não automatizam seus testes de aceitação. Essa é uma afirmação dura, porém muito comum de acontecer. A equipe abraça TDD e testes de unidade automatizados, porém quando chega a hora dos testes de aceitação, a coisa complica. Por que isso acontece? Como melhorar essa situação?”

Testes de aceitação são essenciais e automatizá-los é extremamente desejável!

Quem acompanha meu blog já deve ter percebido que teste de software é um assunto que me interessa bastante. Ultimamente tenho trabalhado muito focado na qualidade dos softwares que entregamos na minha equipe e por isso estou constantemente explorando novas maneiras de testar ou procurando melhorar as maneiras antigas.

Nos últimos sprints temos feito da seguinte forma: o desenvolvedor que trabalhar no desenvolvimento de uma história não pode fazer testes de aceitação da mesma. Desta forma cada um sempre testa o que o outro fez (estamos usando Selenium para este tipo de teste).

Ao fim do 4o. sprint temos uma suite de testes expressiva que cobre praticamente 100% do que foi desenvolvido. Realmente percebemos que aqueles bugs extremamente simples que normalmente são encontrados em QA ou mesmo em produção foram encontrados em tempo de desenvolvimento e corrigidos com rapidez.

Rodando automaticamente estes testes são uma ferramenta poderosíssima para ajudar a garantir a qualidade da aplicação.

Recomendo fortemente a leitura do post do Danilo!

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Integração Contínua TDD Testes

Mock Objects em excesso podem atrapalhar

Acabo de ler na Artima um artigo sobre o uso excessivo de Mock Objects.

Fazer testes unitários pode não ser a tarefa mais fácil do mundo quando suas classes dependem de sistemas externos que você não controla como banco de dados, webservices e qualquer outra coisa que não faz parte do seu sistema. É aí que entram os Mock Objects, que são objetos que servem para “simular” as dependências das suas classes. Eles possuem comportamento controlado e fazem exatamente o que você definir, tornando os resultados das chamadas às dependências de um código totalmente previsíveis. Sabendo que todas as dependências estão funcionando corretamente, qualquer falha que aconteça nos testes está com certeza no local (método, classe, etc) testado.

O problema é quando decide-se simular todas as dependências. Isso é um pouco controverso porque na verdade quando você está fazendo testes unitários o certo mesmo é isolar o método e “mockar” todas as dependências. Porém em alguns casos isso acaba fazendo com que o teste fique muito complexo e difícil de ser entendido e mantido.

Além disso os testes com muitos Mocks podem acabar ocultando problemas na colaboração entre os objetos. Os objetos dependentes em uma determinada situação podem funcionar diferente de como foram “mockados” e pode ser interessante utilizar os objetos reais. Mas neste caso os seus testes seriam testes de integração e não testes unitários.

Ultimamente eu tenho optado por ir pelo caminho do meio e por isso concordo quase integralmente com a opinião do Alex Ruiz. Acredito que em boa parte das vezes você não precisa criar mocks de tudo que vê pela frente.

Um exemplo real é o sistema que estou trabalhando atualmente, onde estou desenvolvendo um cliente para um webservice REST. Este cliente é bem magro e basicamente ele pega XMLs de coisas que foram processadas no servidor (webservice) e transforma em objetos Java. Para isso o cliente acessa via HTTP um determinado endereço, obtém um XML que representa uma entidade do sistema, transforma em um objeto Java e retorna o resultado. Como este cliente é muito magro e praticamente não faz nenhum processamento, na maioria dos testes a única dependência que eu “mockei” foi o XML retornado, já que a única coisa não controlada pelo meu sistema é o canal HTTP e o servidor dos webservices que pode estar a qualquer momento offline e meu teste não pode falhar por causa disso. Para fazer isso eu injetei no repositório de objetos um HTTP Client mock que sempre retorna um XML válido. Com isso o meu teste verifica se o cliente retorna objetos Java corretos considerando que o webservice está funcionando. É claro que este não é o único tipo de teste que eu faço, tenho testes mais específicos para outras funcionalidades mais importantes, como a classe que transforma objetos em XML para Java e por aí vai.

Resumindo isso tudo, acho importante analisar cada caso e ver se há necessidade de criar testes canônicamente corretos ou se opções mais simples podem resolver o problema da mesma forma.