Categories
Agile

2 anos de Scrum e Agile na Globo.com e algumas coisas que eu aprendi

Já se passaram pouco mais de 2 anos desde que começamos a trabalhar oficialmente com Scrum e Agile na Globo.com e um pouco mais de 2 anos e meio desde que a coisa toda começou de fato.

Depois de trabalhar diariamente com processos ágeis e uma porção de times diferentes na Globo.com, minha sensação é a daquele dito popular que diz que quanto mais você sabe de alguma coisa, mais você descobre que tem que aprender. De tempos em tempos surgem idéias novas excelentes e as vezes são coisas tão simples que eu me pergunto porque nunca tinha pensado nelas. Ou então algumas idéias que não deram certo no passado voltam à tona, são colocadas em prática e passam a funcionar muito bem. Sempre que eu acho que já aprendi como alguma coisa funciona alguém aparece com uma idéia melhor e me prova que eu estava errado em achar isso.

Me lembro quando perguntei lá no início para o Boris Gloger sobre o tempo que levaria para as coisas acontecerem. Na época ele falou que para uma empresa do tamanho da Globo.com certamente levaria de 2 a 4 anos para as coisas mudarem de fato. Eu achei um exagero e que ele estava louco, mas era eu que não tinha noção do tamanho da coisa toda. Ele estava certo.

Infelizmente eu não tenho uma história romântica para contar e estaria mentindo se dissesse que as coisas são maravilhosas depois que você adota Agile, Scrum ou o que quer que seja. Muito pelo contrário, os problemas começam a aparecer e tudo fica caótico. As vezes a quantidade de problemas chega a ser enlouquecedora e minha insônia aumentou consideravelmente depois disso. Mas eu não tenho nenhuma dúvida de que os processos ágeis são os que mais se adaptam às características de projetos de desenvolvimento de software, mais do que qualquer outra coisa que eu já tenha usado. Tivemos muito mais sucesso do que em qualquer outra iniciativa na história da empresa e as coisas acontecem muito mais e muito melhor do que aconteciam antes, mas mesmo assim ainda temos um caminho muito longo pela frente.

Hoje eu consigo entender com mais clareza o real sentido do empirismo que tanto se fala. Mesmo com pilhas de livros sobre desenvolvimento ágil na minha prateleira, eu olho para trás e vejo que o processo de “tentativa e erro” foi muito mais importante para o meu aprendizado do que qualquer teoria. Várias coisas escritas nos livros deram certo para alguns times e não deram para outros, e no fim das contas o que ficou foi uma mistura de todas essa experiências. Fomos fazendo as coisas, vendo o que dava certo ou errado, mudando, adaptando e seguindo em frente. Hoje não dá pra dizer que a Globo.com usa Scrum, XP, Lean ou Kanban. Você pode encontrar todos os seus sabores preferidos de Agile por aqui, às vezes misturados e até mesmo bem customizados e diferentes do tradicional.

Nesse tempo todo vivenciei muitos problemas, muitos sucessos, muitas derrotas, muitas falhas e muita mudança. Eu queria poder dizer que encontrei o Santo Graal do desenvolvimento ágil, mas dificilmente isso existe. E se existir, provavelmente o da minha empresa será diferente da sua e por ai vai. Porém, eu posso falar de algumas coisas que eu aprendi e que talvez possam ser úteis para outras pessoas e empresas:

Você sempre estará em transição.

Basicamente eu não acredito mais em transição ágil como eu já li por ai, que parece uma coisa que tem inicio, meio e fim. Hoje eu percebo que sempre se está em transição. Sempre surgirão projetos novos com características diferentes e sempre será necessário ajustar e se adaptar. Isso tudo fora que as pessoas e os times também mudam, e ai começa tudo denovo. É um trabalho que nunca acaba.

É muito fácil começar a fazer Scrum, o difícil é vencer a resistência das pessoas.

Grande parte do meu tempo nesses anos foi investido em quebrar barreiras e a resistência das pessoas. E não estou falando de diretores ou gerentes, às vezes os piores problemas estão dentro dos times. Os mais diversos tipos de problemas acontecem: tem gente que tem medo de trabalhar em par e expôr suas fraquezas para os outros, tem gente insatisfeita na empresa que envenena iniciativas, enfim, acontece de tudo. É muito importante trabalhar com pessoas bem intencionadas, comprometidas e que acreditam no que estão fazendo e que acreditam que as coisas sempre podem (e devem) ser melhoradas.

As pessoas precisam estar felizes.

É importantíssimo que a empresa reconheça seus talentos, que eles ganhem o que merecem e que eles trabalhem num ambiente agradável. Ninguém trabalha direito e dá 100% do seu potencial se não estiver feliz e satisfeito com a empresa. Pessoas infelizes e insatisfeitas podem acabar com um time inteiro, por isso a empresa tem que dar o primeiro passo e dar todas as condições para que isso não aconteça e, quando acontecer, resolver o problema o mais rápido possível.

Se o foco das pessoas for em “fazer telas”, “testar” ou “escrever software”, você está perdido. O foco das pessoas deve ser o produto, e não a sua função.

Muito desenvolvedor não gosta de fazer teste exploratório “porque isso é função do cara de QA”. Muito designer não gosta de fazer CSS e HTML porque isso é coisa de “desenvolvedor de front-end”. Bullshit! Imagine se um zagueiro está com a bola na linha do gol e diz que não vai fazer o gol porque não é atacante? Não tem essa, o foco é ganhar o jogo, entregar o produto, deixar o cliente feliz, não importa fazendo o que. Com o tempo você descobre a receita do time (quantidade de pessoas de cada especialidade) para que as pessoas passem a maior parte do tempo fazendo sua especialidade, mas isso não significa que elas não devem fazer ou entender de outras coisas.

Escalar não é facil. Aliás, se for possível, não escale nunca.

Times ágeis funcionam melhor quando são pequenos, porque o universo de pessoas é menor e a comunicação é melhor, as pessoas confiam mais no resto do time e por aí vai. Quando o número de pessoas e de times aumenta, a comunicação fica problemática e isso gera uma porção de problemas, desde coisas triviais como conflitos de merge até coisas mais complexas de resolver como falta de confiança, dificuldade em mudar de direção, dificuldade de passar a visão do produto, pessoas querendo aparecer mais do que outras e por aí vai. Faça um teste: reuna 30 amigos seus e tentem combinar um lugar para almoçar em no máximo 2 minutos. Repita o teste com 3 amigos e compare os resultados. Foi possível combinar um único lugar de forma unânime? Quanto tempo levou? Quais foram os conflitos de interesse? Qual foi o nível de barulho, stress e insatisfação das pessoas? Ter mais pessoas ajudou a fazer com que a decisão fosse mais rápida ou mais demorada? Talvez esse não seja o melhor exemplo do mundo mas vai ser bem fácil de perceber como times grandes se organizam com muito mais dificuldade.

Boas práticas de engenharia e desenvolvimento ágil como automatização, testes, refatoração, programação em par, integração contínua e TDD são fundamentais, imprescindíveis, inevitáveis, totalmente obrigatórias.

Todos os grandes saltos de qualidade e produtividade que demos na história da evolução da Globo.com foram porque essas práticas foram intensificadas e usadas com mais disciplina, e todas as vezes que elas não recebem a devida importância a velocidade diminui, a produtividade baixa e o time entrega menos (e com mais defeitos).

Um dos “problemas” com o Scrum é que ele não fala nada sobre usar essas práticas. Isso é proposital porque o intuito era que ele fosse bastante genérico e simples, mas como muitas pessoas gostam de seguir o livro cegamente sem pensar, elas acabam achando que não é necessário fazer o que não está escrito, e daí a probabilidade de fracasso é gigantesca. Você pode usar Scrum para produzir um marca-passo, por exemplo, mas você seria louco de não testá-lo exaustivamente só porque não está escrito? Você tem que fazer, porque é uma necessidade imposta pelo tipo de projeto. Com software não é muito diferente: se você não faz TDD, seu código fica pouco testável, e consequentemente você refatora menos ou tem dificuldade para fazê-lo. Consequentemente o tempo para implementar novas funcionalidades aumenta cada vez mais e como o cliente está sempre cobrando mais e mais coisas, você passa a testar menos para dar tempo de fazer mais funcionalidades. E por aí vai (para o buraco).

As regras são excelentes quando você não sabe o que está fazendo. Depois que aprender, quebre-as.

Geralmente quando as pessoas começam com Agile o que se recomenda é que você siga as regras à risca por algumas iterações até que você aprenda e que o processo esteja “no sangue”, e só depois que possíveis customizações devem ser feitas. Muita gente confunde isso com “sempre siga as regras à risca”. Por exemplo, hoje alguém me convenceu numa conversa que o Sprint Planning 2 do jeito que um determinado time estava fazendo estava bem inútil, uma grande perda de tempo. A sugestão foi fazer uma coisa mais “just-in-time”, ou seja, na hora que a história começar a ser desenvolvida. Muita gente pode falar que “ah, mas não é assim que o Scrum funciona” ou o clássico “aqui na empresa nós não fazemos desse jeito”. Se você tem um bom motivo para mudar as regras do jogo, discuta o assunto com o time e implemente as melhorias. Não existe essa coisa de “as regras do Scrum”, existem times produtivos com alta capacidade de adaptação e em constante evolução ou times que passam 50% do tempo discutindo o processo e não deixam o cliente feliz.

Trabalhar num ambiente ágil é muito muito muito mais divertido.

Acabei de passar quase 40 dias de férias e em conferências. Muita gente estaria odiando voltar para o trabalho depois disso, mas eu gostei. Quando eu cheguei hoje na empresa depois de mais de 1 mês a minha mesa já não era mais minha e eu não achava meu computador. O escritório mudou totalmente e o time que eu estava está todo misturado. Quando eu entrei na sala as pessoas estavam em pé discutindo, rabiscando no quadro e o barulho estava alto pra caramba. Depois de contar as novidades, de almoçar e de alguns updates, passei o resto da tarde programando em par numa tarefa que nem eu e nem o meu par faziamos idéia de como resolver, mas juntos descobrimos como fazer e resolvemos o problema. Foi um dia caótico porém muito produtivo e muito divertido, como a maioria dos que eu tenho. Tudo muda muito e está em constante evolução, e cada dia é um novo desafio. Se você gosta de ficar escondido atrás da “baia” e tem dificuldades em dividir o seu teclado com um amigo, recomendo fortemente que você não use Agile.

Agile não é o Santo Graal.

Nenhum processo de desenvolvimento (ágil ou não) é perfeito. Muita gente gosta, muita gente não gosta, alguns não se adaptam, outros se motivam a cada dia com os novos desafios e é assim que as coisas funcionam. <ironia> “Agile é tão perfeito” </ironia> que quando as coisas dão errado é muito mais fácil culpar o seu processo e reclamar que ele não funciona. Bullshit! Como o Jeff Patton fala, as pessoas fazem isso porque o processo não vai se defender de você e porque é muito mais dificil assumir e enxergar os problemas de verdade. Uma das chaves de ser bem sucedido nesses processos é entender que eles são apenas ferramentas muito simples e que se não estão funcionando é porque você precisa encontrar e resolver algum problema da sua empresa, do seu time, das pessoas ou do que quer que seja. Não bote a culpa no processo.

As pessoas são mais importantes que o processo. Foco nas pessoas.

São elas que fazem tudo acontecer. Quanto mais agentes de mudança sua empresa puder ter, melhor. A empresa tem que reconhecer essas pessoas e motivá-las para que elas motivem ainda mais seus pares e assim por diante. É preciso dar liberdade para elas criarem, tentarem coisas novas e errarem sem medo de serem repreendidas. Faça de tudo para que todos estejam felizes e motivados. Resolva os conflitos. Coloque tudo em pratos limpos. Trate todos com respeito e como amigos. Faça as pessoas crescerem e deixe (e ajude) que elas tenham visibilidade dentro da empresa. De todas as coisas que eu vi até hoje, nada é mais eficaz do que ter as pessoas certas do seu lado.

Nada disso é definitivo e eu posso mudar de opinião a qualquer momento sobre qualquer uma dessas coisas. Aliás, hoje numa conversa aprendi que é ótimo mudar de opinião, porque significa que você aprendeu alguma coisa nova/diferente que te fez pensar de uma forma nova/diferente e, portanto, você evoluiu. Fica então a última:

Crie sua opinião, aprenda mais e mude sua opinião. Esteja em constante evolução.

Categories
Domain-Driven Design Refactoring

Tiny Types

Continuando na “luta” para criar sistemas mais fáceis de se entender, me lembrei de dar uma olhada nos Tiny Types apresentados pelo Darren Hobbs.

O CV tinha passado esse link há algum tempo e eu havia olhado superficialmente. Até que nessa história de fazer Fluent Interfaces e Domain-Driven Design acabei me lembrando que isso poderia ser útil.

Os Tiny Types enriquecem o domain model e trazem alguns outros benefícios legais citados pelo Darren em seu texto. Para as próximas features vou experimentar essa estratégia para ver no que vai dar…

Categories
Domain-Driven Design Refactoring

Refatorando para Fluent Interface

Ultimamente tenho passado boa parte do meu tempo trabalhando numa aplicação chamada WebMediaAPI. Trata-se de uma… ahm… API de uso interno que tem como objetivo padronizar, centralizar e facilitar o acesso à mídias e seu consumo em sites da Globo.com.

Por exemplo, quando o pessoal do G1 quiser colocar vídeos no seu site, ao invés de dar vários SELECTs em tabelas que eles não entendem e não conhecem, a idéia é que eles possam usar um JAR na aplicação deles que encapsula várias funcionalidades oferecidas pela nossa infraestrutura de WebMedia, simplificando o trabalho deles (pois não terão que descobrir como inventar a roda) e o nosso (centralizando e organizando o consumo de mídias na empresa).

No início do projeto um dos maiores desafios foi estabelecer como seria a fachada desta API. Nós tentamos alguns formatos e como precisávamos lançar logo a primeira versão acabamos optando por uma interface “tradicional” e simplificada. Para ter uma idéia melhor, veja o código para selecionar os últimos vídeos publicados do programa “Altas Horas”:

int quantidade = 5;
long programaId = 456;
Set midias = new HashSet();
 
WebMediaServices webMediaServices = WebMediaFactory.getServices();
List idsMidias = webMediaServices
	.getIdsUltimasMidiasPublicadasPorPrograma(quantidade, programaId);
 
for (Iterator iter = idsMidias.iterator(); iter.hasNext();) {
   Long midiaId = (Long) iter.next();
   Midia midia = webMediaServices.getMidia(midiaId.longValue());
   midias.add(midia);
}

Não é muito difícil entender o funcionamento deste código… Só que ele poderia ser muito melhor!

Esta interface pode até funcionar mas não é nem um pouco intuitiva. A classe WebMediaServices como pode-se imaginar ficou com dezenas de métodos e virou basicamente um grande saco de funcionalidades. Qualquer método simplesmente ficava nesta classe – o que não é nem um pouco elegante.

Depois de algum tempo tive a idéia de refatorar a API para uma Fluent Interface. A idéia é tentar fazer algo que se assemelha a uma DSL interna, que não é nada mais do que uma API com nomes interessantes. Ao invés de um saco de métodos a WebMediaAPI agora é acessada através de uma interface semânticamente organizada e seu design é pensado para ser legível e… fluente!

Veja como ficou o novo código para selecionar os últimos vídeos publicados do programa “Altas Horas” (exatamente a mesma coisa que o código anterior faz):

Long altasHoras = new Long(456);
Set videos = WebMediaAPI.videos().recentes().doPrograma(altasHoras);

Bem mais elegante!

O lado negativo é que quanto mais fácil a API torna-se para o cliente mais difícil torna-se sua implementação. Construir uma fluent interface muitas vezes me fez perder algumas horas pensando como certas coisas seriam feitas, mas eu gostei do resultado final e acho que para esse tipo de aplicação valeu a pena.

Para mostrar a diversidade e simplicidade da nova API, veja mais alguns exemplos (repare que eu não tenho que dizer nada sobre o que eles fazem para você entendê-los):

// exemplo 1
Set programas = WebMediaAPI.programas().comTitulo("Fantastico");
 
// exemplo 2
Long multishow = new Long(123);
Set videos = WebMediaAPI.videos().favoritos().doCanal(multishow);
 
// exemplo 3
Long destaquePrincipalGloboVideos = new Long(123);
Integer quantidadeMaxima = new Integer(10);
Set videos = WebMediaAPI.videos().relacionados().aoCanal()
	.doVideo(destaquePrincipalGloboVideos, quantidadeMaxima);

Ainda temos um longo caminho pela frente e muita coisa ainda será melhorada, mas já dá para perceber uma difirença significativa entre as duas versões.

Categories
Integração Contínua TDD Testes

Mock Objects em excesso podem atrapalhar

Acabo de ler na Artima um artigo sobre o uso excessivo de Mock Objects.

Fazer testes unitários pode não ser a tarefa mais fácil do mundo quando suas classes dependem de sistemas externos que você não controla como banco de dados, webservices e qualquer outra coisa que não faz parte do seu sistema. É aí que entram os Mock Objects, que são objetos que servem para “simular” as dependências das suas classes. Eles possuem comportamento controlado e fazem exatamente o que você definir, tornando os resultados das chamadas às dependências de um código totalmente previsíveis. Sabendo que todas as dependências estão funcionando corretamente, qualquer falha que aconteça nos testes está com certeza no local (método, classe, etc) testado.

O problema é quando decide-se simular todas as dependências. Isso é um pouco controverso porque na verdade quando você está fazendo testes unitários o certo mesmo é isolar o método e “mockar” todas as dependências. Porém em alguns casos isso acaba fazendo com que o teste fique muito complexo e difícil de ser entendido e mantido.

Além disso os testes com muitos Mocks podem acabar ocultando problemas na colaboração entre os objetos. Os objetos dependentes em uma determinada situação podem funcionar diferente de como foram “mockados” e pode ser interessante utilizar os objetos reais. Mas neste caso os seus testes seriam testes de integração e não testes unitários.

Ultimamente eu tenho optado por ir pelo caminho do meio e por isso concordo quase integralmente com a opinião do Alex Ruiz. Acredito que em boa parte das vezes você não precisa criar mocks de tudo que vê pela frente.

Um exemplo real é o sistema que estou trabalhando atualmente, onde estou desenvolvendo um cliente para um webservice REST. Este cliente é bem magro e basicamente ele pega XMLs de coisas que foram processadas no servidor (webservice) e transforma em objetos Java. Para isso o cliente acessa via HTTP um determinado endereço, obtém um XML que representa uma entidade do sistema, transforma em um objeto Java e retorna o resultado. Como este cliente é muito magro e praticamente não faz nenhum processamento, na maioria dos testes a única dependência que eu “mockei” foi o XML retornado, já que a única coisa não controlada pelo meu sistema é o canal HTTP e o servidor dos webservices que pode estar a qualquer momento offline e meu teste não pode falhar por causa disso. Para fazer isso eu injetei no repositório de objetos um HTTP Client mock que sempre retorna um XML válido. Com isso o meu teste verifica se o cliente retorna objetos Java corretos considerando que o webservice está funcionando. É claro que este não é o único tipo de teste que eu faço, tenho testes mais específicos para outras funcionalidades mais importantes, como a classe que transforma objetos em XML para Java e por aí vai.

Resumindo isso tudo, acho importante analisar cada caso e ver se há necessidade de criar testes canônicamente corretos ou se opções mais simples podem resolver o problema da mesma forma.

Categories
AOP Java Refactoring

Refatorando para aspectos

Acabo de assistir no InfoQ uma apresentação do Ramnivas Laddad sobre refatoração de aplicações para AOP.

Assistindo a explicação dele dá para entender a linha de raciocício que ele segue e a quantidade de possibilidades que a programação orientada a aspectos traz. Realmente é um saco fazer repetidamente código para controlar permissões, erros, transações, concorrência e outros mais. Com AOP a quantidade de esforço para implementar este tipo de situação é reduzida consideravelmente e este artigo trata exatamente disso: reconhecer trechos de código que são candidatos a serem reescritos para se tornarem aspectos.

Porém eu acho que deve-se tomar muito cuidado ao sair refatorando a sua aplicação para aspectos. Imagina um sistema com centenas de classes que possuem dezenas de aspectos diferentes. A impressão que eu tenho é que se você tem aspectos demais o sistema pode ficar até mais difícil de programar. Isto porque se você tem código fora do método sendo executado “dentro” do método, a clareza em relação ao que ele faz fica reduzida. Multiplique isso por centenas de classes e métodos e você tem um monstro indomável.

Mesmo assim a abordagem dele é bem interessante pois quando utilizada corretamente estimula a produção de CÓDIGO com lógica de negócio ao invés de código que não tem nada a ver com o que o sistema realmente faz, tornando o desenvolvimento mais produtivo.