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Engenharia de software

Um exemplo prático de Fluent Interface

Há alguns meses escreví um post sobre Fluent Interfaces, mostrando um trabalho que fizemos aqui na empresa para tornar nossa API interna mais fácil de se utilizar. Depois disso, algumas pessoas me pediram códigos e exemplos de uso da WebMediaAPI, mas o código é da empresa e não posso compartilhá-lo.

Fiquei então com a idéia de criar uma demonstração de uso de Fluent Interfaces na cabeça, mas eu queria usar um domínio fácil para que as pessoas pudessem entender melhor. A WebMediaAPI pode ser até legal, mas o fato é que ninguém conhece o modelo de mídias da Globo.com e fica difícil de explicar ou discutir o que está sendo feito.

Há duas semanas, conversando com o Evandro sobre uma apresentação que faremos mês que vem no evento de tecnologia da Globo.com, ele deu uma idéia super simples e bem legal. Todas as pessoas já trabalharam com e-mail, seja enviando mensagens para outras pessoas ou então escrevendo código para enviar e-mails em diversas linguagens. Esse é um domínio extramanete fácil para todo mundo, e também, é pequeno o suficiente para ser implementado rapidamente em um dia.

Então, nasceu a Fluent Mail API. A Fluent Mail API é uma API simples que utiliza a JavaMail API da Sun para enviar e-mails. Meu objetivo não é criar mais uma ferramenta para envio de e-mails, é apenas demonstrar o uso de Fluent Interfaces como wrapper de um framework maior, simplificando seu uso. A idéia é fazer com que enviar um e-mail seja tão fácil quanto isso:

new EmailMessage()
    .from("demo@guilhermechapiewski.com")
    .to("destination@address.com")
    .withSubject("Fluent Mail API")
    .withBody("Demo message")
    .send();

Você pode ver os códigos-fonte e uma descrição mais detalhada no site do “projeto”. Se alguém quiser discutir, opinar, tirar dúvidas ou qualquer outra coisa, é só comentar.

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Domain-Driven Design Engenharia de software Eventos

[QCon 2007] Eric Evans: Domanin-Driven Design

Qcon 2007 - Eric Evans - Domain-Driven DesignA apresentação do Eric Evans hoje sobre Domain-Driven Design foi excelente! A abertura do evento não poderia ter sido melhor!

Grande parte do que ele apresentou faz parte do seu livro sobre DDD, incluindo alguns dos exemplos usados no tutorial. Mas isso não fez com que as coisas ficassem menos interessantes. Muito pelo contrário, as discussões foram excelentes.

Falamos inicialmente sobre as características de um bom design de domínio. Na opinião do Eric um bom design é aquele que você consegue explicar para uma pessoa qualquer e ela entende mesmo não sendo especialista no negócio/domínio. Sobre codificação, o Eric falou que se interessa bastante pela clareza trazida por Fluent Interfaces, e DSLs internas e tenta usá-las sempre que possível pois aumenta muito a legibilidade do código. Além disso ele acredita que o uso de Behaviour-Driven Development é interessante no processo exploratório de um domínio e pode te ajudar a identificar e corrigir problemas de design.

Uma das frases que o Eric falou me lembrou a discussão que rolou na semana passada no GUJ sobre testes, TDD e etc: “Estamos no ano do Test-Driven Development e criar designs testáveis é essencial!”. Não quero acender novamente a discussão mas não posso deixar de dar a minha opinião nessa história. Realmente é inaceitável um software nos dias de hoje não ter uma suite de testes decente, não só pelos testes em sí mas por toda a influência positiva que isso traz no design do código, pela segurança que te dá para incluir novas funcionalidades e modificar existentes, segurança para corrigir bugs e tudo mais. Para mim é simplesmente impossível programar sem testes!

Guilherme Chapiewski e Eric EvansInfelizmente não consegui todo o material do curso porque o Eric utiliza esses materiais nos seus treinamentos e por isso não os disponibiliza publicamente. Mas eu consegui o Domain-Driven Design Pattern Summaries, que é um resumo de 39 páginas do livro dele com algumas coisas a mais. Achei bem interessante para se usar como referência. Esse resumo contém informações bem objetivas sobre todos os padrões apresentados no livro de DDD.

Além desse material o InfoQ disponibilizou a palestra Putting The Model To Work que foi uma das que o Eric apresentou para nós. Essa não foi exatamente a apresentação que tivemos mas foi bem parecida.

Para os leitores assíduos de blog, aí vai uma boa notícia: num dos intervalos eu perguntei para o Eric porque que ele não tinha um blog. Ele disse que ultimamente muitas pessoas têm feito essa pergunta e disse que está preparando alguma coisa nesse sentido. Perguntei sobre quando ele planeja lançar isso e ele disse que seria em breve! Com certeza será mais uma ótima fonte para leituras.

E para terminar, a gafe do dia: na hora do intervalo subitamente começamos a ouvir na sala vários barulhos estranhos de mictório e pia de banheiro… O Eric deu bobeira e foi no banheiro com o microfone sem fio ligado! Ao menos constatamos que o microfone era de boa qualidade porque o banheiro era meio longe, haha!

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Domain-Driven Design Refactoring

Tiny Types

Continuando na “luta” para criar sistemas mais fáceis de se entender, me lembrei de dar uma olhada nos Tiny Types apresentados pelo Darren Hobbs.

O CV tinha passado esse link há algum tempo e eu havia olhado superficialmente. Até que nessa história de fazer Fluent Interfaces e Domain-Driven Design acabei me lembrando que isso poderia ser útil.

Os Tiny Types enriquecem o domain model e trazem alguns outros benefícios legais citados pelo Darren em seu texto. Para as próximas features vou experimentar essa estratégia para ver no que vai dar…

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Domain-Driven Design Refactoring

Refatorando para Fluent Interface

Ultimamente tenho passado boa parte do meu tempo trabalhando numa aplicação chamada WebMediaAPI. Trata-se de uma… ahm… API de uso interno que tem como objetivo padronizar, centralizar e facilitar o acesso à mídias e seu consumo em sites da Globo.com.

Por exemplo, quando o pessoal do G1 quiser colocar vídeos no seu site, ao invés de dar vários SELECTs em tabelas que eles não entendem e não conhecem, a idéia é que eles possam usar um JAR na aplicação deles que encapsula várias funcionalidades oferecidas pela nossa infraestrutura de WebMedia, simplificando o trabalho deles (pois não terão que descobrir como inventar a roda) e o nosso (centralizando e organizando o consumo de mídias na empresa).

No início do projeto um dos maiores desafios foi estabelecer como seria a fachada desta API. Nós tentamos alguns formatos e como precisávamos lançar logo a primeira versão acabamos optando por uma interface “tradicional” e simplificada. Para ter uma idéia melhor, veja o código para selecionar os últimos vídeos publicados do programa “Altas Horas”:

int quantidade = 5;
long programaId = 456;
Set midias = new HashSet();
 
WebMediaServices webMediaServices = WebMediaFactory.getServices();
List idsMidias = webMediaServices
	.getIdsUltimasMidiasPublicadasPorPrograma(quantidade, programaId);
 
for (Iterator iter = idsMidias.iterator(); iter.hasNext();) {
   Long midiaId = (Long) iter.next();
   Midia midia = webMediaServices.getMidia(midiaId.longValue());
   midias.add(midia);
}

Não é muito difícil entender o funcionamento deste código… Só que ele poderia ser muito melhor!

Esta interface pode até funcionar mas não é nem um pouco intuitiva. A classe WebMediaServices como pode-se imaginar ficou com dezenas de métodos e virou basicamente um grande saco de funcionalidades. Qualquer método simplesmente ficava nesta classe – o que não é nem um pouco elegante.

Depois de algum tempo tive a idéia de refatorar a API para uma Fluent Interface. A idéia é tentar fazer algo que se assemelha a uma DSL interna, que não é nada mais do que uma API com nomes interessantes. Ao invés de um saco de métodos a WebMediaAPI agora é acessada através de uma interface semânticamente organizada e seu design é pensado para ser legível e… fluente!

Veja como ficou o novo código para selecionar os últimos vídeos publicados do programa “Altas Horas” (exatamente a mesma coisa que o código anterior faz):

Long altasHoras = new Long(456);
Set videos = WebMediaAPI.videos().recentes().doPrograma(altasHoras);

Bem mais elegante!

O lado negativo é que quanto mais fácil a API torna-se para o cliente mais difícil torna-se sua implementação. Construir uma fluent interface muitas vezes me fez perder algumas horas pensando como certas coisas seriam feitas, mas eu gostei do resultado final e acho que para esse tipo de aplicação valeu a pena.

Para mostrar a diversidade e simplicidade da nova API, veja mais alguns exemplos (repare que eu não tenho que dizer nada sobre o que eles fazem para você entendê-los):

// exemplo 1
Set programas = WebMediaAPI.programas().comTitulo("Fantastico");
 
// exemplo 2
Long multishow = new Long(123);
Set videos = WebMediaAPI.videos().favoritos().doCanal(multishow);
 
// exemplo 3
Long destaquePrincipalGloboVideos = new Long(123);
Integer quantidadeMaxima = new Integer(10);
Set videos = WebMediaAPI.videos().relacionados().aoCanal()
	.doVideo(destaquePrincipalGloboVideos, quantidadeMaxima);

Ainda temos um longo caminho pela frente e muita coisa ainda será melhorada, mas já dá para perceber uma difirença significativa entre as duas versões.