Nesta última semana (no dia 15/08) completei 6 meses de migração total da minha estação de trabalho para o Ubuntu Linux!
Tenho contato com Linux há alguns anos, desde o início do ano de 2000 para ser mais exato. Nesta época eu trabalhava numa empresa que tinha vários servidores RedHat Linux, que era a distribuição mais popular na época, além de umas máquinas Solaris. Aprendí a usar Linux facilitado pelo contato diário com todos esses servidores porém na minha cabeça aquilo alí nunca seria adequado para ser usado em um desktop.
Só passei a levar o Linux como desktop mais a sério no ano de 2004 quando conhecí pessoalmente uma empresa que funcionava 100% com Debian e Kurumin (em absolutamente todos os servidores e desktops). Qualquer software que não fosse livre era totalmente desencorajado. Pela primeira vez eu estava vendo o Linux sendo usado para absolutamente tudo no dia a dia de uma empresa (que me parecia utópico) e comecei a acreditar que seria possível trabalhar bem e fazer tudo que se fazia no Windows utilizando somente software livre.
No fim de 2004 mesmo fiz uma tentativa frustrada de usar um desktop Linux (Mandrake). Como falei foi totalmente frustrada porque o meu hardware era muito novo e nem um pouco comum pois eu havia comprado todos os últimos lançamentos da época. Tive uma dificuldade enorme de achar drivers. A resolução do meu monitor ficou péssima e a placa de som não funcionava. Além disso o Open Office não abria direito planilhas feitas no Microsoft Office e vice e versa. Duas semanas depois quando ainda estava lutando para fazer minha placa de som funcionar acabei deletando sem querer o /etc! Para quem não sabe, isso significa que eu deletei todas as configurações do sistema e a máquina simplesmente nem ligava mais!
Foi quando eu decidí que ia comprar um iMac. O Mac OS X (sistema operacional da Apple) tem todo o poder do Unix aliado a uma interface incrível. Foi a melhor coisa que poderia ter feito. Ele é suficientemente fácil para que a minha esposa possa usá-lo e ao mesmo tempo extremamente poderoso para que eu possa desenvolver, instalar, compilar e tudo mais que eu preciso. É claro que por não ser o sistema operacional mais popular do mundo tive algumas dificuldades mas nem se compara ao inferno que eu vivia.
Só que no trabalho eu ainda usava o Windows e tinha que conviver diariamente com todas aquelas mazelas de vírus, spyware, telas azuis, travamentos, pop-ups mortais, alto consumo de memória, lentidão, etc. Durante muito tempo todo o meu kit de trabalho foi Windows e eu sempre pensava que nunca seria possível ter todas aquelas mesmas ferramentas em um Linux, o que sempre me levava a descartar qualquer tentativa de migração.
Depois de algum tempo e um pouco mais experto pela quantidade de problemas vividos e resolvidos, tomei coragem e novamente me forcei a trocar meu desktop principal para Linux, dessa vez para o Ubuntu (desktop principal = que eu uso mais = do trabalho). Me proibí de usar Windows e decidí que se eu tivesse um problema não importa qual fosse eu iria parar e resolvê-lo não importa quanto tempo levasse.
Confesso que foi complicado porque tive que fazer com que a minha (quase) solitária máquina Linux funcionasse perfeitamente e de forma transparente num ambiente totalmente Windows. Introduzir uma máquina de desenvolvimento Linux num ambiente com duzentas máquinas Windows não é tão fácil. Todas as convenções da empresa se baseiam em estações Windows e eu tive um certo trabalho para “portar” tudo isso. Nada muito complicado mas levou um tempo e deu um certo trabalho. Mesmo com todos os problemas fiquei impressionado como foi tudo muito mais fácil de configurar e instalar desde minha última vez. Não só no Ubuntu como no Fedora, que era minha segunda opção.
O mais legal disso tudo foi que, ao provar que é totalmente possível desenvolver em Java no nosso ambiente Vignette com Linux e software livre, acabamos gerando uma reação em cadeia dentro da empresa. Claro que eu não fiz nada sozinho, várias outras pessoas já usavam desktops Linux na empresa. Minhas contribuições foram apenas em mostrar que dava para fazer tudo que os desenvolvedores Java da empresa precisavam no Linux e em aliciar vários outros desenvolvedores Java a fazer parte do movimento. E o movimento cresceu tanto e ficou tão sério que a empresa já tem um projeto oficial para migrar todas as estações para Linux!