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Internet Webservices

Web programável

Uma das coisas mais legais que surgiu nesses últimos tempos foi a web programável (a.k.a. programmable web).

A web programável não é uma tecnologia mas sim um conceito. Tecnologicamente falando não há nenhuma novidade. Todas as tecnologias que fazem parte da web programável já estão aí há um tempão: JavaScript, XML, webservices, HTTP, RSS, Atom… O grande barato disso é a idéia, que consiste em os sites disponibilizarem além de suas tradicionais interfaces web HTML, uma interface que possibilite que programas utilizem os serviços que o site oferece.

Isso possibilita por exemplo que você coloque um mapa do Google Maps no seu site, que você tenha um site de comércio eletrônico inteiro usando a infraestrutura de pagamento e shopping cart do PayPal, que você faça um sistema de backup armazenando os seus arquivos no sistema de arquivos S3 do Amazon, que você codifique vídeos em vários formatos utilizando a HeyWatch API e por aí vai… O limite é a imaginação.

Vários grandes players do mercado já disponibilizam suas APIs públicas como o eBay, Google, Yahoo, Skype, PayPal, Amazon, além de muitos outros.

O site ProgrammableWeb é um lugar legal para acompanhar as últimas APIs lançadas por aí. Na última semana com a adição das novas APIs do Google eles anunciaram que já tem mais de 500 APIs catalogadas!

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REST Webservices

POST vs. PUT: quem insere e quem altera?

Eu e o Phillip Calçado estamos trabalhando numa aplicação com uma interface de webservices REST.

Um dos pontos que estavamos discutindo hoje é sobre os métodos POST e PUT. Qual deles que representa um INSERT e qual representa um UPDATE? Se você procurar na internet vai perceber que vários sites dizem várias coisas diferentes. Foi quando resolvemos mergulhar no problema e entender qual é a forma correta de se fazer as coisas.

Superficialmente falando, webservices REST são CRUDs (acrônimo para Create, Read, Update e Delete). Por isso é muito natural tentar traçar um paralelo entre os métodos HTTP e as operações de banco de dados feitas por um CRUD

HTTP -> SQL

  • GET -> SELECT
  • DELETE -> DELETE
  • POST -> UPDATE
  • PUT -> INSERT

O nosso erro foi justamente esse de tentar traçar um paralelo com as ações de um CRUD. Se você pensar em SQL, realmente faz sentido que o POST seja um UPDATE e o PUT um INSERT. Porém quando se trata de webservices REST a coisa fica um pouco diferente porque HTTP é um pouco diferente de SQL.

O funcionamento do método PUT é “colocar” uma página numa determinada URL. Se a página já existir naquela URL ela é substituída. Se não houver página, ela é criada e passa a ser a que foi enviada no PUT. PUT é uma operação limitada que simplesmente coloca uma página numa localidade. Além disso, PUT é idempotente, ou seja, se você fizer 20 vezes um PUT numa URL o resultado tem que ser o mesmo que seria se você fizesse uma vez só: é o mesmo que acontece se você executar 20 UPDATES em um registro, é o mesmo que executar um update só.

Para exemplificar, considere que estamos criando um usuário num sistema qualquer. Neste sistema, a URL para obter (GET) um usuário de ID 1, por exemplo, seria:

http://gc.blog.br/usuarios/1

Então, se você desejasse criar um usuário utilizando PUT, a URL teria que ser:

http://gc.blog.br/usuarios/[id]

Porém quando você cria um objeto você normalmente não sabe qual é a chave primária/id deste objeto. Quem te dá esta informação é o sistema, não é você que escolhe. Neste caso, se você fizer um PUT numa URL de um usuário que já existe, você o AUTALIZARIA ao invés de criar um usuário novo.

Para criar um usuário o correto seria fazer um POST para a URL:

http://gc.blog.br/usuarios

Ao receber um POST esta URL cria um novo usuário e retorna o ID dele no response. O POST não é idempotente e se esta URL for chamada 20 vezes, 20 usuários serão criados e cada um deles terá um ID diferente: o mesmo que acontece quando você executa 20 INSERTS. Esta URL pode ser considerada como uma Factory de objetos Usuario.

Sendo assim a forma correta de se mapear os métodos HTTP para ações de um CRUD é:

  • GET -> SELECT
  • DELETE -> DELETE
  • POST -> INSERT
  • PUT -> UPDATE

Em alguns casos, porém, você sabe qual é a URL que será criada para o usuário. Por exemplo, os seus usuários poderiam ser representados da seguinte forma:

http://gc.blog.br/usuarios/guilherme

Ou seja, para criar um usuário com PUT você poderia chamar uma URL com o padrão:

http://gc.blog.br/usuarios/[login]

Porém esta operação é extremamente arriscada. Se já existir um usuário “guilherme” o sistema achará que você está tentando atualizar o Guilherme ao invés de criar um novo e o “guilherme” antigo irá se perder. Se for um POST o sistema pode retornar uma mensagem dizendo que não pôde criar o “guilherme” porque já existe um usuário com este login.