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O que eu acho sobre faculdades de informática

Para ser bem exato, esse post está em draft no meu WordPress desde 9 de fevereiro de 2008 quando escrevi um post sobre entrevistas. Enrolei esse tempo todo pra escrever porque é um assunto bem delicado e controverso (e além disso porque eu sou um procrastinador mesmo). Eis que há alguns dias eu vejo dois posts sobre o assunto, um do Fabio Akita e outro do Paulino Michelazzo e, apesar de concordar totalmente com ambos os posts, quero contribuir também com meus 2 centavos. 🙂

Pra começar, não tem nada no mundo inteiro que descreva melhor o que acho sobre certificados quanto o que o Rodrigo Kumpera escreveu nesse post no GUJ:

“[…] eu dou valor a certificação sim. Quando vou comprar gado mordo no mercado dou preferencia por aquele que é certificado. Afinal, entre duas peças amorfas de picanha, aquela com um selo de qualidade deve ser melhor, não?”

Eu não tenho nenhum problema com faculdade em sí. Para muitas pessoas é muito útil e é uma ótima porta de entrada para o mercado de trabalho. No entanto eu acho imbecil que as empresas avaliem a competência e capacidade das pessoas apenas por um canudo ou certificado. É ingênuo achar que as pessoas são melhores ou piores porque fizeram ou não faculdade.

No meu caso, por exemplo, eu comecei a trabalhar com informática bem cedo quando estava no 2o. grau. Nessa época eu fazia um curso técnico em eletrônica e acabei indo fazer meu estágio obrigatório numa empresa de desenvolvimento de sites. Mesmo fazendo eletrônica eu já tinha descoberto minha vontade de trabalhar com software brincando com Visual Basic, e por isso a oportunidade de ir para essa empresa foi ótima. Quando terminei meu 2o. grau, estava indo de vento em popa no estágio e como eu sempre fui adiantado 1 ano no colégio (porque “pulei” uma série) resolvi esperar mais um ano para começar a faculdade. Nesse ano trabalhei quase que de graça todo dia das 09:00 as 19:00 com um monte de profissionais excelentes e em vários tipos de projeto, o que me fez ganhar uma experiência enorme.

Durante esse ano começei a fazer provas para algumas faculdades para que no ano seguinte já estivesse tudo pronto para iniciar minha graduação. Acabei passando para algumas faculdades (o que não é um grande feito porque até analfabetos conseguem passar para algumas faculdades). A que eu escolheria seria a UERJ, que era do lado da minha casa. Só que eu percebi que se fosse para lá não teria como continuar trabalhando no mesmo ritmo que eu estava, teria que diminui-lo drasticamente. Isso me deixou muito deprimido, porque eu amava fazer o que eu fazia no trabalho e não queria deixar aquilo por nada. Foi quando eu optei por ir para uma faculdade particular, que tinha uma carga horária e programa bem menos “puxados”.

Logo nas primeiras duas semanas eu queria me matar. Era um tédio ter que ouvir aulas de introdução a programação quando eu já estava estudando aquilo diariamente há mais de 2 anos. Mesmo assim eu continuei porque eu queria me formar, mas decidí fazer uma estratégia diferente. Ao invés de ir às aulas, eu tentava ir o mínimo possível (o suficiente para não repetir por faltas) e fazia vários acordos com todos os professores para abonarem minhas faltas. Enquanto isso eu estudava sobre todos os assuntos da faculdade em casa, onde eu conseguia estudar muito mais rápido, no meu ritmo. Mesmo assim, três semestres depois eu ainda estava no primeiro semestre, porque era tão legal ficar no trabalho e estudar em casa que eu acabei repetindo em quase todas as matérias por falta. Três vezes.

Depois disso rolou muita história, trabalhei em um monte de lugares e passei por um total de 4 faculdades. Uma delas (a que fiquei mais tempo) me deixava altamente frustrado por não acompanhar as mudanças do mercado. Em 2005, me incomodava muito o fato de saber que a última atualização da programação do curso tinha sido em 1999. Seis anos em informática é muita coisa. Eu me lembro das aulas de introdução a banco de dados onde o professor ainda achava que MySQL e PostgreSQL eram adequados para aplicacões “pequenas”, que open source não tinha futuro e da cara de interrogação dos professores quando eu falei que tinha acabado de conhecer um treco chamado “AJAX” e outro treco chamado “Ruby on Rails“. Talvez para outras profissões que não mudem tanto isso não seja da mesma forma. Minha mãe que é formada em ciências contábeis e administração de empresas em duas boas faculdades aproveita esse conhecimento até hoje. Mas quando falamos de informática e desenvolvimento de software a história é outra.

Passei uma porção de anos vendo como isso tudo funciona, o que as pessoas estudam e como algumas delas se formam nas “coxas”. Por outro lado ví alguns amigos se formarem na Unicamp e irem fazer estágio na Bélgica, outros amigos desenvolvendo jogos no laboratório de programação da UFRJ e nessas mesmas duas faculdades outros amigos eram uns “enganadores” e passavam nas matérias as custas de muita “reza braba”. Uma outra vez trabalhei com um cara que tinha se formado na UFRJ e estava começando uma pós-graduação na PUC e ele não produzia mais do que 30 minutos se não tivesse alguém de babá do lado. Pior ainda que isso tudo é a história bem conhecida entre os alunos da PUC de uma menina de lá que uma vez passou de ano “favorecendo professores sexualmente” mas por outro lado conheço excelentes profissionais que se graduaram lá.

O “x” da questão é o seguinte: não dá pra avaliar as pessoas somente pelos seus diplomas e certificados! Como eu acabei de mostrar, existem casos e casos. Fazendo uma conta rápida cheguei à conclusão que das 20 pessoas mais brilhantes que já trabalharam comigo em toda minha vida, 50% sequer eram formadas, cerca de 20% formados na pior faculdade do Rio e 30% em “faculdades de ponta”, como adoram dizer as consultorias de RH. Todas essas pessoas eram (são ainda) muito acima da média, são pessoas brilhantes, muito inteligentes e que, assim como eu, estudam diariamente desde que perceberam que é assim que se faz a diferença – independente de terem feito faculdade ou não.

Por isso que quando eu contrato pessoas tento conhecer o máximo possível além da sua fachada (que é o currículo). Mais recentemente tenho tentado chamar as pessoas para passarem o dia aqui programando em par com várias pessoas, participando de reuniões e discutindo com outros desenvolvedores em situações reais. Depois disso saber se a pessoa fez ou não graduação, mestrado ou doutorado é completamente irrelevante. Aliás, acabei de me tocar que eu não faço a menor idéia se as últimas duas pessoas contratadas são formadas ou não, porque nem me lembro de ter lido seus currículos. Ao invés disso, elas passaram dois dias aqui, contaram toda a sua vida, mostraram código, programaram em par comigo, saimos pra almoçar e falar besteira e eles se deram muito bem com o pessoal dos times de desenvolvimento.

Para finalizar, de forma alguma estou aconselhando que as pessoas não façam faculdade, muito pelo contrário. Eu sempre aconselho que se estude o máximo possível. Para alguém que nunca teve contato com nada nesse mundo de informática talvez seja interessante. Para alguém que tem sede de aprender e estuda numa boa faculdade com bons professores que vão te levar além do que está na sala de aula, é sensacional (eu já tive professores assim e a experiência é incrível). Porém, se você está lá pelo canudo, esquece: você já é um fracasso. Se você quer se encher de canudos/certificados/selos mas ainda não colocou na cabeça que você vai precisar estudar todo dia para ser algúem nesse mercado de informática, você está perdido.

*Update: Outros posts sobre este assunto (de leitura obrigatória):

43 replies on “O que eu acho sobre faculdades de informática”

Guilherme,

Concordo com você, quando fala que ter faculdade na nossa profissão não quer dizer muita coisa. Assim como você (e acredito que todo mundo) conheço diversos desenvolvedores/analistas que não passaram nem perto de uma universidade.
No meu caso, a universidade foi muito importante, pois quando entrei, eu apenas brincava com HTML,e PhotoShop, e lógica de programação mesmo eu não tinha nenhuma, então toda a minha base eu tive na universidade (tive sorte de ter um ótimo professor de lógica e algoritmos).
Porém, só a Universidade não é o suficiente, eu demorei um pouco para começar a fazer estágio na área, e me arrependi bastante depois, porém tive sorte de quando comecei, trabalhei com excelentes profissionais, e aprender muito.
O que costumo recomendar, é para quem tem condições, fazer uma universidade sim, mas começar a trabalhar na área desde o desde, pois a experiência adquirida é impagável.

Parabéns pelo excelente artigo.

Pois é , eu também concordo com você, eu acho que o canudo/certificação tem valor se você faz do ato de conseguí-los um meio de aprender algo, não somente conseguir um pedaço de cartonila enfeitado. É triste mas o mercado prefere ver a cartolina ao invés do esforço que foi feito para conseguí-la. Já participei de seleções em que a primeira pergunta que me foi feita era se eu “era formado”.

E no final das contas você nunca se formou?

Eu estou trabalhando no mercado faz tempo, sou basicamente um sysadmin (programo mas nunca fiz profissionalmente) e trabalho em uma das maiores empresas do mercado. Eu não sou formado, não consegui ‘tolerar’ os 4 anos do curso de Ciência da Computação. Gostaria de estudar em uma instituição com cursos melhores, como uma UERJ que você também tinha interesse. Não fiz isso até hoje pelo mesmo motivo que você, é impossível estudar num curso ‘bom e puxado’ e trabalhar ao mesmo tempo.

Decidi que esse ano volto a uma instituição particular mesmo, só para ganhar um diploma. Infelizmente ainda acham importante, eu considero que tenho sorte em ter um bom emprego numa boa empresa sem ser formado. Também considero que os que são entrevistados por você também tem sorte. Não que eu ou eles não tenham todas as qualidades pra ter um emprego e só conseguiram por sorte, temos é sorte de ter passado por processo seletivos diferenciados. Infelizmente, eu seria cortado da maioria dos processos seletivos ‘comuns’ do mercado, só por não ter um diploma superior.

@Vinícius

É verdade, infelizmente a maioria dos processos seletivos é incompatível com isso tudo que falei. Porém estou fazendo a minha parte mudando a forma como eu contrato pessoas e influenciando para que outras pessoas façam o mesmo. Meu objetivo ao falar essas coisas é tentar fazer as pessoas enxergarem que existe uma forma mais coerente de avaliar candidatos. Infelizmente eu não espero e nem acho que isso vai acontecer num curto prazo…

Creio que esta mentalidade de não contratar pessoas não formadas está pra acabar, porque quase todos os meus amigos compartilham desta mesma opinião e eles estão se tornando os empregadores de hoje em dia. Ou seja, eles não contratam ninguém pelo currículo e sim pelo potencial, que pode ser comprovado de várias maneiras. Acredito que aos poucos isso muda.

Guilherme,

Minha vida acadêmica identifica-se bastante com com o que você disse: “Ao invés de ir às aulas, eu tentava ir o mínimo possível (o suficiente para não repetir por faltas) e fazia vários acordos com todos os professores para abonarem minhas faltas.”, só que no meu caso consegui “com muita conversa” não repetir nenhuma matéria.

Enquanto meus professores falavam do mundo mágico do ERP, eu encarava na pele os problemas que existem na implantação de um e que o conto de fadas era só uma história de vendedor e professores.

Eu sempre falo com as pessoas que trabalham comigo: “Leia sempre, crie metas de leituras (por exemplo, 1 livro a cada 3 meses), pois desenvolvedores que não buscam o novo resolverão o problema sempre da mesma forma.”

Iniciei a faculdade para facilitar o aprendizado de assuntos que achava mais complicado de aprender sozinho como análise de algoritmos, IA e …, mas com o passar do tempo percebi que a forma de aprender cada vez mais era tentar “enxugar” tudo o que os professores pudessem passar independente da grade do curso e se era no horário da aula, no intervalo ou por e-mail.

Na minha opinião o que de fato vale para o exponencial aprendizado em nossa área é a atitude do profissional e não seus certificados e diplomas. Acredito que a Universidade seja muito importante, mas é apenas uma pequena etapa, que inclusive para muitos não é necessária.

Amigos , estudar é necessário e obrigatório em nossa área. Fazer a graduação é importante e é praticamente requisito mínimo no mercado de trabalho, Pós e mestrado: faça assim que for possível dentro do seu tempo e do seu bolso, Os hindus estudam muito e pela grade curricular inglesa, a única coisa que sobrou de bom do “império britânico”, Ganham muito no mercado internacional de outsourcing de software não só por conta do baixo custo e mais pela alta qualidade. Ser autodidata é muito bom e devemos sempre estudar , pesquisar por conta própria mas a formação básica não deve ser colocada em segundo plano. O seu diploma da graduação assim como o documento da certificação , não garantem que voce trabalha melhor ou pior do que ninguém. Sob o ponto de vista do empregador, estes documentos garantem que você teve paciência para cursar as disciplinas, fazer as provas e sabe o mínimo necessário para desempenhar as atividades da vaga oferecida.

@Jeronimo

Discordo quando você diz que:

“Sob o ponto de vista do empregador, estes documentos (diploma e pós-graduação) garantem que você […] sabe o mínimo necessário para desempenhar as atividades da vaga oferecida.”

Um dos meus pontos do post é justamente o oposto desse. Infelizmente esses documentos não garantem de forma alguma que você sabe o mínimo para desempenhar as atividades. Eu por exemplo preciso saber MUITO mais do que eu vi na faculdade para fazer coisas que eu faço hoje. Além disso, muita gente se forma “nas coxas” e sai da faculdade do mesmo jeito que entrou: não sabendo nada. E eu não estou assumindo essas coisas todas, estou falando de pessoas que inclusive já trabalharam em empresas comigo e que nem sempre tinhas as qualificações necessárias mesmo sendo graduados.

Esses certificados simplesmente não garantem que a pessoa sabe o que você espera. A única forma de você garantir isso é fazendo uma profunda investigação e avaliação da pessoa (como a que temos feito nas entrevistas de 2 dias) ou então com o tempo. E mesmo assim você pode se enganar, como eu já me enganei.

Gc,

Achei muito irado seu post. Me identifiquei muito com a parte de começar a trabalhar com informática no segundo grau e ser 1 ano adiantado por ter pulado uma série (eu pulei o antigo C.A). Infelizmente ainda tem muita gente/empresa que olha mais pro diploma do que pro profissional. Eu tenho alguns e já pesou ter e em alguns casos não ter.

[]s

emerleite

Concordo com alguns pontos que você citou e discordo de outros.

Lógico que ter um canudo na mão não prova que você sabe aquilo que está na grade curricular (assim como certificação). A única maneira de comprovar isso é colocando a mão na massa.
As empresas hoje olham muito a experiência da pessoa. Tenho alguns colegas que não são formados, mas tiro o chapéu para o profissional que eles são.

A faculdade não forma ninguém para o mercado de trabalho. Apenas te dá a base. Te mostra os conceitos mais importantes, a filosofia da profissão, a parte linda e teórica. Faculdade também te ensina a ser mais responsável, ajuda na transição adolescente-adulto, a ter novas experiências, ajudar a construir o networking, etc.
Eu dou muito valor ao meu diploma, primeiro porque não fiz faculdade pública (foi suado pagar mensalidade durante 4 anos e meio), segundo porque levei muito a sério, não ia pras aulas para brincar, e sim, aprender mais.
Aprender a programar de verdade, ser um gerente de projeto, um profissional, isso apenas na prática, com alguns anos de experiência.

Enfim, como você mesmo disse, existem casos e casos.

Existe um outro ponto: a regulamentação da profissão. Se a nossa profissão fosse regulamentada, não existiria tanta coisa torta como vemos por aí, como por exemplo, fazer uma faculdade ‘nas coxas’.

Legal o post, assunto bem delicado e complicado. É como discutir religião ou futebol! rs

Guilherme,
O processo de seleção de uma empresa não se baseia apenas nisso. Os diplomas e certificados separam quem em tese, sabe o mínimo necessário, de quem não tem como comprovar este conhecimento. Uma seleção de pessoal tem que ter parâmetros para poder chegar ao melhor candidato a vaga, Depois da verificação da formação básica existem os outros passos: comprovar experiência, referências, avaliações psicológicas, testes práticos, etc. Ninguem é mais selecionado exclusivamente por que tem diploma mas pode ser preterido por não ter. Concordo que só o diploma não te transforma em um bom profissional, tambem é preciso prática, dedicação e estudo. Como em todas as areas, tem gente que faz as coisas na brincadeira e outras que levam a sério, um mau profissional pode formar-se na faculdade da esquina ou na UFRJ.O meu objetivo não é polemizar com você sobre isto mas colocar o meu ponto de vista de que devemos estudar e muito. A única coisa que não podemos deixar que aconteça é que a nossa arrogância nos leve a concluir que sabemos de tudo e que nada mais temos a aprender.

Fico muito feliz de ter encontrado alguém fazendo o que eu quero fazer quando “crescer”. 🙂

Trabalho com suporte e, depois de ver muita má contratação só por causa de um currículo de 3 páginas e um bom papo, cheguei à conclusão que a única maneira de comprovar a qualidade e os conhecimentos de um profissional é testando, na prática, suas habilidades.

Verdadeiros talentos são desperdiçados todos os dias por causa de uma faculdade ou certificação que não tem.

Parabéns cara!

PS: Tem uma vaga no suporte aí? 😀

Loiane,

Sobre a questão da regulamentação, acho que não ajudaria muito. Basta ver a quantidade de advogados, médicos incompetentes por aí, apesar de ambas profissões serem regulamentadas, haver OAB, CRM etc. E depois vem a questão de _como_ realizar tal regulamentação, quais seriam os critérios.

Guilherme,

Assisti sua palestra no 1º encontro de TI aqui no Rio de Janeiro (em 2008), e quando ouvi você falando sobre esse assunto acabei ficando meio irritado, mas tenho que adimitir que essa é a mais pura verdade! Achei esse seu post excelente e, hoje, concordo com tudo o que você falou. Eu sou formado em Design Gráfico (só tenho o canudo), mas a pouco tempo cai de cabeça na programação e vou te falar… aprendi muito mais estudando sozinho e pedindo ajuda de amigos etc. Do que quando eu fiz faculdade.

Concordo com tudo que o Guilherme colocou aqui.

A certificação atualmente só serve para uma única coisa: Disputa em Licitação.

Trabalhei numa empresa que pagava o curso de certificação e obrigava os funcionários a fazerem a prova. A empresa depende muito das certificações para ganhar alguns pontos nas licitações.

Teve uma época que uma grande empresa do mercado de informática estava dando “adicionais” aos funcionários para aqueles que tivessem certificações.

Trabalho na informática, vai fazer 9 anos. E só estou completando a faculdade de informática agora, depois de 4/5 anos no mercado (após fazer faculdade de Biologia).

Mas, já tive problemas pela não conclusão da faculdade. Já não fui contratado umas três vezes porque não tinha faculdade.

Dai lembro dos meus amigos de faculdade (já passei por 3 – 1 federal + 2 particulares) que colam do wikipedia os trabalhos para os professores, lembro das colas nas provas e principalmente da monografia comprada ou do programador Java “contratado” para fazer a programação do projeto final.

Tenho certeza de que este cara é “o cara” para a vaga que não consegui!

Abraços.
Bruno Amaral

Concordo que o curso superior sozinho não prova muita coisa. Mas eu ainda considero um curso superior como algo muito valioso. Eu por exemplo, apesar de programar e já ter vendido diversos programas mesmo antes de entrar com 17 anos numa universidade, aprendi muito sobre assuntos que eu nem imaginava que se relacionavam com Computação. Eu também fiz contatos com pessoas que mudaram meu jeito de pensar e pude me tornar uma pessoa ainda melhor. E os melhores profissionais com os quais eu trabalhei, na grande maioria tinham nível superior. Por isso eu tenho certeza que uma boa universidade é uma experiência única na vida e sim, se você puder fazer uma, faça. Estudar nunca é demais.

Guilherme,
eu tenho um histórico relativamente parecido com o seu: comecei a programar com 15 anos, em Visual Basic e sempre me interessei por tudo de computação, o que me mantinha sempre atualizado.
A diferença é que eu fiz uma faculdade considerada boa (me formei em Computação no IME-USP), mas como eu trabalhava, tranquei a faculdade 1 ano para ir trabalhar na Itália, acabei me formando em 7 anos. Não me arrependo nem um pouco de ter feito isso, tanto que logo depois da graduação, comecei o mestrado na mesma Universidade e terminei em 4 anos (o prazo normal seria 2 anos).
Ao meu ver, o que eu aprendi no IME foi essencial para o meu crescimento profissional. A grande questão é: o que eu aprendi?
Não aprendi a programar em Java, não aprendi nenhum banco de dados, MySQL, Oracle. Talvez eu tenha aprendido alguma coisa de Linux (quando eu entrei no IME, em 98, era um dos poucos lugares no Brasil que tinha Linux como estação de trabalho para os alunos), mas isso nem foi tão importante.

O que eu MAIS APRENDI na Universidade foi: EU APRENDI A PENSAR, APRENDER E RESOLVER PROBLEMAS.

O IME me forçou a ir atrás de um monte de coisa. Eu tinha que me virar para aprender a linguagem, eu tinha que conversar e procurar pessoas que manjavam desse ou de outro assunto. Eles me forçaram a me esforçar. Lá não tinha jeito: ou o cara estudava muito, ou ele não passava. Não tinha cola, não tinha prova fácil.

Nesse mesmo sentido, o mestrado me forçou a ir além: me ensinou a pesquisar, ler, ler, ler, e depois escrever, escrever, escrever. Refinar o que já estava escrito, escrever de novo.

Sobre o fato de não importar se a pessoa fez ou não faculdade, eu diria: depende! Faculdade boa é um indício de bom profissional, mas realmente, como vc disse, não prova nada.

Eu trabalho com várias pessoas que não foram formadas e que são muito boas, mas eu não diria que a proporção é a mesma que a que você colocou. Eu arrisco dizer que 70% dos melhores profissionais se formaram em ÓTIMAS FACULDADES e 30% em faculdades menos conceituadas.

O principal ponto, como eu falei, é aprender a ir atrás e resolver um problema até o fim. Se a faculdade for realmente boa, ela vai te FORMAR PARA A VIDA, não para essa ou aquela tecnologia.

Abraços

Daniel

Muito bom o post. Parabéns! Também acho um saco esse troço de certificação. Pelo visto a Microsoft só contrata pessoas certificadas. lol

Guilherme,

Os melhores profissionais que eu conheço na área de TI também possuem canudos ou certificações. No entanto, já sentem a necessidade de terem um selo. Isso acontece porque o mercado de trabalho se tornou muito desleal com os bons.

Os níveis de competitividade aumentaram e cada vez mais surgem programadores, arquitetos e analistas para desenvolverem softwares e trabalharem com você. Como forma de exclusão, acabam filtrando pelo conhecimento acadêmico, que nada mais é um certificado.

Comercialmente, pensando apenas no dinheiro e em quem paga a conta, talvez seja necessário ter um profissional graduado, pós-graduado ou certificado em uma empresa. Pois quem paga a conta muitas vezes quer ver o selo estampado e faz questão de pagar por ele. Talvez não esteja contratando o melhor seviço, mas sente-se confortável com isso.

O assunto é muito interessante e merece a discussão. O conhecimento não é tão fácil de ser medido em uma prova. Ele é o conjunto de vários aspectos, meios e fins.

Guilherme, concordo contigo. Mas com ressalvas!

Um profissional de TI não vive só de código. Não um profissional.

Nesse aspecto, acho a graduação bastante importante, pois tu te envolve em estudo de outras áreas, como direito, cálculo, estatística, administração, línguas portuguesa e inglesa, etc…

Vendo por esse lado, as chances de um profissional graduado ser melhor são altíssimas. A não ser que se busque apenas um programador daqueles bem nerds, que sabem tudo sobre jogos e informática, mas que não acompanham o mundo a sua volta. Que não agregam mais à empresa do que boas linhas de código.

Resolvi fazer a graduação após trabalhar por 8 anos no desenvolvimento de software. Eu não precisava disso e realmente vejo muitas coisas que já sabia muito bem, melhor que alguns professores inclusive. Mas com certeza venho amadurecendo em outros aspectos, que tem valido muito a pena. Até mesmo conceitos básicos sobre informática que todo autodidata pula no início.

Enfim, a diferença básica que vejo é essa. Informática qualquer um aprende em casa, tendo apenas o google como recurso. E o fato do cara estudar também mostra que se preocupa em buscar conhecimento além do seu mundinho.

Concordo com as empresas que tentam filtrar uma enxurrada de entrevistas buscando profissionais gradua(n)dos.

Mas assim como você, repudio as empresas que não contratam uma pessoa boa pelo fato de não ter canudo disso ou daquilo.

Para mim graduação conta muito, mas muito mais que qualquer certificação.

Abraço!

A propósito, pra quem é de Porto Alegre ou arredores, gostaria de indicar a FACENSA para quem busca graduação em TI. Lá temos excelentes professores, profissionais de renome no mercado e que (graças aos céus!) tem enfatizado uso de scrum, xp, lean, etc. Temos uma cadeira, chamada Tópicos Avançados I, que é inteiramente administrada (e ministrada) com métodos ágeis! Nessa não somos uma turma e não temos um professor, somos um time. Timaço! =)

Tenhamos alguma esperança, tem coisa boa acontecendo!

Não sei se tu lecionas Guilherme, mas seria uma ótima notícia! Pessoas com a tua capacidade e conhecimento é que tem o poder e certo dever de promover essa mudança. Com certeza o cenário acadêmico evoluirá bastante se bem orientado.

Abraço!

Guilherme, Eu acho válido tudo o que foi escrito, mas aí vem a pergunta. O que podemos fazer a respeito? Apresentei no último Scrum Gathering minha experiência adicionando práticas de Metodologias Ágeis e inclusive disciplinas de Metodologias Ágeis dentro de um curso de graduação.

Falei de iniciativas que temos de ensino, grupos de estudos para Java, .NET, PHP e Ruby / Rails, permitindo aos alunos conhecerem mais, permitindo aos alunos irem além do que é ensinado na Faculdade. Fora da sala de aula é que eles se preparam ao mercado de trabalho, através de pesquisas que eles criam, projetos open source que eles formam.

A Faculdade, um curso de graduação, eles vão te dar base. Acabou.

Na Faculdade onde dou aula, somos requisitados para apresentar problemas aos alunos, para que eles pensem a respeito, para que eles falem, discutam, aprendam através de questionamentos. Isto faz com que o conhecimento seja melhor aproveitado e adaptado.

Em uma disciplina de PHP onde os alunos já conhecem a base da linguagem, o Prof. fez uma adaptação e estes alunos estão participando de um projeto para apoiar ações da Faculdade.

Acho que é tudo uma questão de adaptação e claro, ter uma coordenação de curso aberta a mudanças.

Eu tenho a sorte dos dois últimos coordenadores do Curso de Graduação que dou aula serem também coordenadores do Grupo de Usuários de Metodologias Ágeis do RS, o que facilita o meu trabalho de querer inovar dentro do mundo acadêmico puxando assuntos que para mim são muito importantes e trazem uma base técnica excelente, que são as práticas encontradas em Metodologias Ágeis.

Ainda quanto a questão da graduação, acho que não tem jeito cara, é importante sim ter a graduação, é importante fazer Mestrado e Doutorado, as atividades de pesquisa podem ser muito úteis, se utilizadas de forma a retornarem alguma coisa de útil para o mercado e para a sociedade.

A questão é como vamos utilizar isto.

Eu estou tentando formar cabeças que pensam, que questionam!

@Daniel

Fico muito feliz de saber que vocês tem feito um excelente trabalho em um curso de graduação! 🙂 No entanto, como você sabe, infelizmente vocês são uma minoria. Poucas faculdades fazem o que vocês estão fazendo. Provavelmente é possível contar nos dedos.

Em relação a faculdade, mestrado e doutorado, como eu falei no meu post, eu não recomendo que as pessoas não façam. Acho que pode ser muito proveitoso fazer bons cursos em geral desde que você se dedique e não ache que SOMENTE isso vai resolver o seu problema no mercado de trabalho.

Mais do que dizer se as pessoas devem ou não fazer faculdade, o que eu quero dizer com esse post é que não se deve “julgar um livro pela capa”. Avaliar uma pessoa como boa/ruim, compentente/incompetente ou qualificada/não-qualificada somente pelos seus canudos e certificados é absolutamente ingênuo.

A faculdade não é determinante para o sucesso de ninguém. Steve Jobs não precisou fazê-la para fundar a Apple, Bill Gates não precisou fazê-la para fundar a Microsoft e ficar bilionário e por aí vai. O que determina o sucesso de uma pessoa é a sua dedicação, sua capacidade de encarar desafios, sua vontade de aprender, ler e conhecer coisas novas, sua vontade de vencer e até (acredite) a sorte. A faculdade é apenas uma porta de entrada para a vida e não pode ser encarada como “a única forma de aprender, estudar e pesquisar”.

Concordo que as atividades de pesquisa são muito úteis como você falou, no entanto você não precisa estar em um mestrado para fazê-las. Hoje por exemplo passei toda a minha tarde lendo um livro de psicologia para pesquisar e aprender mais sobre as pessoas. Da mesma forma, passei vários meses dos últimos anos pesquisando, lendo e escrevendo sobre metodologias de desenvolvimento ágil, mesmo não estando numa faculdade, mestrado ou doutorado. Consegui produzir material relevante para a sociedade através dos meus posts, questionamentos e palestras em várias oportunidades. E é por isso que eu repito: não existe apenas um único meio para as pessoas aprenderem, pesquisarem e evoluirem profissionalmente.

Concluindo, é por isso tudo que eu acho que é ingênuo classificar ou eliminar cadidatos a empregos simplemente por eles não terem uma graduação. Como disse também no post, várias pessoas geniais que trabalharam comigo e que inclusive são referências no mercado não tem sequer uma graduação (infelizmente não vou falar nomes pois não tenho permissão). Ou então são como o Carlos Eduardo, que sequer concluiu o primeiro grau (http://blog.egenial.com.br/?p=264) e mesmo assim é GENIAL (não é um trocadilho com o nome da empresa, ele é realmente fenomenal).

[ ]s, gc

Estamos em linha então… eu também estudo Metodologias Ágeis desde 2003 e não estava ligado a um curso de pós-graduação ou algo do tipo. Este tipo de pesquisa é a melhor de todas, pois estamos fazendo porque estamos interessados em aprender. O sucesso da e-genial vem disto, do interesse, motivação, foco.

No entanto o que se vê em muitas instituições de pós-graduação são pessoas não qualificadas pesquisando algo que não gostam, mas era o que tinha para conseguir uma bolsa de pesquisa e ter alguma renda. Aí já viu a qualidade dos trabalhos né…

A questão de quem contratar, o Boris Gloger no último Scrum Gathering deu uma dica que para mim é a regra. Precisamos contratar e trabalhar com pessoas que saibam resolver problemas.

Pessoas que apenas apontam falhas ou que acham tudo ruim, não me servem. Pessoas que não sabem trabalhar em equipe, não me servem. Heróis e os individualistas, não me servem.

A qualificação técnica é importante, a qualificação acadêmica também, mas de nada adianta ser um doutor se a pessoa não sabe o que fazer quando aparece um problema pela frente, seja ele qual for, da complexidade que for.

Muito bom o post, este é realmente um assunto bem delicado e de difícil discussão.

Acredito que independente da forma que se está tentando obter conhecimentos deve-se levar sempre a sério e ser bem objetivo, seja uma faculdade, pós-graduação, através de leituras de blogs etc. Pois com toda certeza se você não acredita no que está fazendo então você está desperdiçando muito tempo e muito dinheiro na sua vida.

Excelente post, parabéns.

Bom,

Guilherme, não sei se já leu sobre o real objetivo da universidade/faculdade, ela não é um curso técnico para você ganhar um emprego ou ser um bom desenvolvedor. As universidades/faculdades deveriam (veja o passado – hoje muitas só querem $$$) focar no tripé ensino-pesquisa e extensão, isto vai muito além do que apenas conhecimentos técnicos.

Não estou falando isso sem conhecimento de causa pois também comecei cedo com informática, sendo autodidata e estudando sempre coisas que eu me perguntava “putz, o cara é formado e não sabe isso, como pode!?”. Quando eu entrei na faculdade também tive que passar por aulas muito chatas que fiz a mesma coisa “negociava minha alforria” mas eu fui com a mente aberta: desenvolvimento eu amo e isso não preciso de faculdade, então fui para aprender outras coisas e por isso pra mim foi muito prazeroso a faculdade.

Sem mais delongas gostaria de deixar apenas esse adendo sobre o foco da faculdade, que é passar conhecimento geral e ter um papel muito mais importante na sociedade que apenas passar o que o mercado deseja. Seu texto já esclarece muito bem o ponto de vista de um geek apaixonado pelo que faz, e sem dúvida isso é raro de encontrar pois a grande maioria só quer uma faculdade/curso para ter “seu empreguinho garantido”.

Mestrado e doutorado só servem mesmo para universidade, não são coisas para mercado de trabalho, são conhecimentos para carreira universitária.

Na informática há três tipos de cursos: ciência, análise de sistemas e engenharia. Cada um tem um foco, e quem ama desenvolver deve optar por ciência, pois análise vai ser um saco (muita matéria empresarial) e engenharia vai ser horrível (pois é muita matéria eletrônica)…

Ah! E se for pra fazer uma faculdade “meia-boca” invista em certificações e/ou curso técnico.

Esses foram meus 2 centavos 😉 Acho que esse assunto pode gerar uma discussão muito saudável.

Abraços

Muito bom o texto e a discussão nos comentários melhor ainda.

Foi mencionado nos comentários o fato de faculdades terem currículos desatualizados e esse tipo de coisa. Realmente isso é absurdo, principalmente esses casos de professores acharem que um MySQL só serve para “projetos pequenos”, também já passei por isso.

Porém o que também não acho certo é a transformação do curso superior em curso “profissionalizante”, que é o que acontece com grande parte das faculdades particulares e estão tentando levar para as públicas camuflado atrás da bandeira da atualização.

Já tenho um curso técnico de desenvolvimento de software e agora estou fazendo uma faculdade particular, e no geral é a mesma coisa. E isso é errado pelo seguinte, se você quer se profissionalizar, aprender Java e MySQL tem que fazer um curso técnico mesmo ou cursos específicos, uma faculdade serve para te tornar um “cientista” (entre aspas por causa dos cursos de análise, sistemas de informação etc). Digo isso porque tanto no curso técnico que fiz como na faculdade tive a oportunidade de ter alguns (poucos) ótimos professores que ensinam muito além do básico que você precisa para o “mercado”. E é isso que faz a diferença em uma faculdade, você não está lá para aprender como conectar Java com Oracle, e sim para aprender como funciona a indexação nos bancos de dados por exemplo.

Não estou dizendo que concordo com esses currículos congelados, mas que atualizá-los não quer dizer transformar tudo em curso técnico.

Ainda acho que vale a pena fazer faculdade, o problema é se você não pode fazer uma boa faculdade (UFRJ, Unicamp, UFPE) onde você aprende mais conceitos do que ferramentas, aí a cada dia vale cada vez menos.

Concordo com você Guilherme, muito interesante o post, em muitos momentos me identifiquei com o mesmo. Acho que um grande problema é que diplomas e certificações meio que viraram moda, e como algumas vezes quem faz a seleção de profisisonais de T.I não são necessariamente profissionais de T.I, muitas vezes acabam valorizando a certificação como se provasse alguma coisa, ou como se garantisse alguma coisa para a empresa, mas na verdade estamos carecas de saber que não prova muita sobre o profissional.

Onde trabalho não tem ninguém certificado, mas posso dizer que a equpe é excelente, mesmo sem as tais “siglas mágicas” no curriculum…

Tenho graduação, em uma universidade nada tradicional, mas posso afirmar que 95% do que sei hoje não aprendi lá… não entendam como arrogância da minha parte, é apenas a realidade, aprendi “correndo por fora”… pesquisando… lendo… fazendo… quando fiz a faculdade queria muito aprender, estava super animado, achei que aprenderia um monte de coisas novas… mas ao longo do curso foi ficando cada vez mais desmotivante… Eu fico triste de ver a grade de T.I das universidades completamente desatualizadas com o mercado… sem contar na ausência de disciplinas de humanas.

Tenho vontade de um dia ser coordenador de um curso de T.I em uma universidade para tentar mudar um pouco isso, tentar dar mais dinâmica a esse curso, atualizar com temas atuais, inserir mais psicologia… enfim…

Eu pretendo tirar certificações, mas sei que não é isso que vai dizer se sou um bom profissional ou não… mas é como eu disse, as vezes em um processo seletivo isso pode pesar a seu favor, já que poucos recrutadores fazem como você na hora de contratar… muitos ainda olham o curriculum e acham que quanto mais siglas, melhor.

Concordo parcialmente com você Guilherme… eu fiz graduação numa universidade muite bem conceituada e posso dizer que fez toda a diferença na minha vida profissional, não apenas pelo titulo, mas sim pelos conhecimentos adquiridos. E posso dizer que mesmos os meus colegas mais “vagabundos” também aprenderam muito, mesmo fazendo de tudo para faltar e não fazer trabalhos, etc. Esta universidade não fala sobre linguagens, técnicas, tecnologias diretamente… a grade curricular não é composta desta forma. A grande maioria das disciplinas são aquelas que dão base para um bom aprendizado, para que o aluno posso se tornar uma pessoa melhor, possa ir atrás das coisas, possa se tornar um resolvedor de problemas.

Fico revoltado quando vejo disciplinas do tipo “Linguagens de programacao I – Java” – ou seja, um curso de java na faculdade. Enquanto isso, deveriam estar aprendendo semantica formal, matemática discreta, estatística, conceitos de sistemas operacionais, arquiteturas de computadores, etc.

Já passei por algumas empresas e trabalhei com diversos tipos de pessoas, tanto formadas em faculdades boas, ruins, pessoas não formadas. Posso dizer com certeza absoluta que o melhores profissionais que conheci foram as das melhores faculdades. Depois se mesclam os que não fizeram e os que fizeram em faculdades não tão boas.

Uma boa faculdade faz toda diferença na formação do profissional. E por isso que muita empresa utiliza o fato de ter graduação como requisito mínimo para contratação. O que ocorre e acaba banalizando o diploma é essa enorme quantidade de faculdades novas caça-níqueis que só estão interessadas na mensalidade e em aprovar o maior número de alunos a cada ano.

Acredito que o mercado deveria acabar filtrando isso também, tanto alunos quanto empresas. Se as empresas não derem valor para esse tipo de diploma, vai acabar que os alunos não vão mais ter interesse neles e ou a faculdade melhora seu método de ensino, seu currículo, ou fecha.

A faculdade não garante nada, mas se for uma das boas, com certeza vai fazer uma boa diferença. Isso não quer dizer que não existam pessoas que não fizeram graduação e que não são boas, mas a proporção é menor.

Hum, pois bem, dando uma passeadinha aqui na web encontrei esse texto e a sua vivência…concordo com você, acho que hoje as pessoas dão muito valor para um pedaço de papel, até pq é meio que uma porta de entrada, querendo ou não…no meu caso acho importante a teoria, ainda mais porque estou começando agora, mas acho importante você ter certeza do que for fazer e escolher bem a instituição de ensino, eu escolhi o IESB aqui de Brasília depois de uma vasta pesquisa..e claro, não sejamos hipócritas, essa é só uma das pequenas partes do seu sucesso profissional, o esforço abocanha a maior parte dele.
Gostei bastante do texto, visitarei aqui sempre que der. Até mais. =)

Ótimo post, assunto muito relevante principalmente para trabalhadores do conhecimento. Mesmo anos depois de ter sido escrito, gostaria e deixar meus cents aqui.

Comecei como autodidata, tive contato com professores excelentes e experimentei que também é muito importante aprender observando. Por necessidade fiz minha graduação em uma área paralela à do desenvolvimento chamada Redes de Computadores, mas sempre desejei na verdade ter feito Ciência da Computação.

Devido ao desvio do curso, fui obrigado a investir como autodidata novamente para que eu pudesse me qualificar para o desempenho de funções como desenvolvedor. Passei por 4 empresas até o momento e a cada nova vaga encarei um tecnologia que eu ainda não havia tido contato, começando com PHP, depois ASP 3.0, depois JAVA e atualmente .NET. Risco assumido por ambas as partes, empresa e profissional, mas que acredito que deu certo já que desde aprox 2002 (quando comecei) até hoje nunca fiquei 1 único dia desempregado e sempre entreguei os projetos com certa margem de sucesso.

Depois de algum tempo senti necessidade de ter algumas qualificações extras porquê, apesar dos devs saberem julgar se eu sabia ou não do que eu estava falando, os profissionais de outras áreas não sabiam fazer tal julgamento então foi aí que me vieram algumas certificações.

Por fim percebi que o mercado estava se generalizando em relação ao desenvolvimento e foi onde tive a feliz oportunidade de ingressar no curso de especialização em engenharia de software na Unicamp. Considero essa a escolha mais feliz de todas pois pude “equalizar” a minha “linguagem” com a de outras “tribos” de desenvolvimento, e ter uma visão ampla do processo. E a partir de então continuo tentando escrever a minha história.

O que pude extrair disso tudo é que a academia não é determinante para o sucesso, mas sem ela as coisas ficam bemmm mais difíceis, principalmente se vc não nasceu com uma estrela do Jobs/Gates ou qualquer outro nome dos 1% dos desenvolvedores que integram a alta casta do nosso setor.

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